DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha atribuiu à área técnica da Casa a decisão de aditivar o contrato assinado com a SMPB Comunicação, de Marcos Valério. O publicitário não quis comentar o caso. (RV E LS)
Folha - O contrato da Câmara com a SMPB foi assinado em dezembro de 2003. Em novembro de 2004, houve o primeiro termo aditivo, e o valor saiu de R$ 9 milhões para R$ 10,9 milhões. Depois houve o segundo aditivo, em 30 de dezembro de 2004, e...
João Paulo Cunha - Quem assinou esses aditivos?
Folha - Todos na sua gestão. Quem assina é o diretor-geral.
João Paulo - Isso.
Folha - Mas é na sua gestão.
João Paulo - Esse contrato, eu sei pouco dele. Porque é um contrato baseado em termos absolutamente técnicos. A assinatura dos termos aditivos nem sei a razão. Precisava conversar com o pessoal técnico. O que eu sei é que eu tenho plena confiança no setor técnico de lá [da Câmara], que não tenho absolutamente nada a ver com ele. Se você analisou bem a comissão julgadora do processo licitatório, e depois o próprio contrato, vai ver que eu não tenho [nada com isso].
Folha - Marcos Valério trabalhou em sua campanha para a Câmara?
João Paulo - Trabalhou.
Folha - Com a DNA ou com a SMPB?
João Paulo - Olha, eu não sei, porque foi através do PT.
Folha - Ele trabalhou na campanha de Osasco?
João Paulo - Trabalhou. Com [o candidato petista] Emídio [de Souza].
Folha - O sr. conhecia Marcos Valério antes de 2003?
João Paulo - Não. Eu o conheci no final de 2002 e início de 2003, quando ele ajudou, ele não, a agência, inclusive ajudou a fazer a minha campanha à presidência da Câmara.
Folha - O sr. se recorda do valor da campanha?
João Paulo - Não, porque foi o PT que pagou.
Folha - O sr. leu as declarações da ex-secretária de Marcos Valério na revista "IstoÉ Dinheiro". Ela mencionou encontro que o sr. teve com ele no final de 2003. O sr. se recorda desse encontro?
João Paulo - Devo ter, porque tive vários encontros com ele.
Folha - Em que época?
João Paulo - Não lembro.
Folha - Nesses encontros, o tesoureiro Delúbio Soares esteve?
João Paulo - Nunca.
Folha - E o secretário-geral Sílvio Pereira?
João Paulo - Também nunca. [Corrigindo] Não, teve uma vez comigo, no final de 2003, em que nós discutimos campanhas, situação eleitoral de 2004.
João Paulo - Eu acho que isso é um escândalo. A única vez que ouvi falar, eu acabei pedindo a abertura de um processo.
Agência de Valério fez campanhas de petistas em SP ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Criada em fevereiro de 2004, a Estratégia Marketing e Promoção Ltda., que tem Marcos Valério Fernandes de Souza como sócio, trabalhou em pelo menos duas campanhas de candidatos petistas a prefeito: Osasco e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
O outro sócio é Marcio Hiran Guimarães Novas. Ele representou a DNA Propaganda na concorrência do Banco do Brasil que, em 2003, escolheu três agências para um contrato de R$ 142 milhões por ano. A DNA foi uma das vencedoras.
A assessoria de Marcos Valério confirmou que ele é sócio minoritário da Estratégia Marketing, mas disse que ele não se pronunciaria.
Em Osasco, o candidato do PT à prefeitura foi Emídio de Souza, que venceu as eleições. Ele foi apoiado pelo então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT).
João Paulo apresentou a Estratégia Marketing para Souza, como confirmaram o deputado e o secretário de Governo de Osasco, Gelso Aparecido de Lima, responsável pela coordenação de comunicação da campanha.
Em 31 de dezembro de 2003, a SMPB foi contratada para cuidar da publicidade da Câmara. A agência também tem como sócio Marcos Valério. João Paulo disse que discutiu com o publicitário a possibilidade de ele fazer a campanha em Osasco.
A prestação de contas de Emídio de Souza aponta que ele gastou R$ 140 mil com a agência. Gelso Aparecido de Lima disse que Marcos Valério não participou da campanha. Os contatos foram feitos com Guimarães Novas. Foi ele também quem trabalhou na campanha de Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, à Prefeitura de São Bernardo. A Folha procurou o deputado, mas não o localizou. (CG)
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