"Os primeiros depoimentos vão confirmando algumas afirmações do deputado Roberto Jefferson. São depoimentos de uma deputada de Goiás, de uma ex-secretária, são documentos oficiais do governo federal que incriminam o publicitário Marcos Valério.
Enfim, ainda não se chegou ao tal do mensalão, que não sabe exatamente se existe ou não, mas alguns indícios vão ficando cada dia mais sérios. As investigações prosseguem, tanto na Polícia Federal quanto nas três comissões que estão funcionando no Congresso.
Isto cria para o governo Lula a obrigação de sair do impasse, retomar a iniciativa e reconstruir como puder a base aliada. Porque o presidente vai precisar de aliados no Congresso. Além disso, Lula está cada vez mais consciente de que precisa reconstruir seu próprio governo.
Mas não está fácil. Não se pode dizer que a primeira iniciativa do presidente da República como articulador político de seu governo tenha sido um sucesso. Parece que por inspiração do senador Aloísio Mercadante, Lula recebeu o presidente do Congresso e o presidente nacional do PMDB e se comportou como se já houvesse um acordo sacramentado entre seu governo e o partido.
Acontece que não havia. Desde o início, o deputado Michel Temer vem dizendo que considera praticamente impossível levar o apoio de todo o PMDB ao governo Lula. Embora seja este o desejo mais ardente da dupla Renan Calheiros-José Sarney.
O PMDB, como sabemos todos, não é para amadores. Trata-se de um partido complicado, pois é uma máquina formidável, espalhada por todo o território nacional. Tem a segunda bancada na Câmara dos Deputados, a maior bancada no Senado, sete governadores, o maior número de prefeitos e de vereadores.
O que é mesmo que o PMDB tem a ganhar atrelando-se ao governo Lula, um governo bombardeado diariamente por más notícias na área da política?
São acusações de loteamento da administração pública entre os aliados da primeira hora; aparelhamento da máquina com a utilização de mais de 20 mil cargos de confiança, majoritariamente ocupados por petistas; inoperância do governo em várias áreas.
Isto sem falar no temor de que as investigações possam alcançar o próprio governo.
A esta altura, a lógica que preside todas as ações, tanto do governo quanto dos aliados e da oposição, é a lógica das eleições gerais de 2006.
E exatamente porque é dono de uma máquina partidária tão formidável, que o PMDB está há algum tempo pensando seriamente numa candidatura própria à presidência da República.
Pelo visto, este candidato não é Lula. Portanto, o PMDB parece não ter nada a ganhar atrelando-se totalmente a um governo com tantas dificuldades.
Provavelmente, as bancadas no Congresso continuarão na base aliada, enquanto os diretórios estaduais, governadores e toda a estrutura peemedebista nos estados pavimentam seu caminho para 2006."
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