Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 25, 2005

SERGIO TORRES :Quem sabe?

folha de s paulo

RIO DE JANEIRO - É difícil acreditar que, se havia mesmo o tal "mensalão", um burocrata executivo do PT, sem mandato e sem contar para quem está acima dele na hierarquia do partido, pegava todo mês uma quantia alta de dinheiro para distribuir entre deputados "amigos".
O burocrata é o Delúbio (incrível caso de nome próprio que pode acabar virando adjetivo). Embora acima dele estejam petistas poderosos e históricos, como José Dirceu e José Genoino, todo o Brasil sabe que o líder maior do PT, aquele que tem a imagem vinculada indissoluvelmente ao partido, o que só falta trazer na testa uma estrelinha vermelha, é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele comanda o PT desde a época em que o PT ainda não era o PT, era um pré-partido de oposição aos militares.
A acreditar em Roberto Jefferson, o presidente Lula desconhecia o "mensalão". Teria até chorado ao saber pelo deputado-bomba que parlamentares recebiam dinheiro para votar com o governo. Seriam uns 80 assalariados, estimou Jefferson. Oitenta vezes R$ 30 mil dá R$ 2,4 milhões.
Se é verdade tudo isso, o presidente fica muito mal diante do país. Ou não sabia, demonstrando-se incapaz de controlar gente que chefia há mais de 20 anos, ou sabia e concordava com tudo, o que seria de uma gravidade imensa. Se sabia, não teria motivo para chorar surpreso. Estaria comprovado, então, que, pelo menos neste ponto, Jefferson mentiu.
Não há abnegados na política. Todos ali têm seus projetos formatados, acredito, antes do ingresso na vida pública, antes da disputa eleitoral. O projeto pode ser o de mudar o país. Mas pode ser o de mudar de vida.
No momento, o cidadão comum, o que não sabe nada dos bastidores brasilienses, começa a ter dúvidas sobre qual é a opção de Lula e de seus colegas de cúpula petista.

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