Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 30, 2005

JANIO DE FREITAS :Um escândalo no escândalo

folha de s paulo

Com a promessa de mais esclarecimentos para hoje, em seu programado depoimento na CPI dos Correios, o deputado Roberto Jefferson introduziu agora em suas denúncias seriadas um assunto que é, por si só, um absurdo escandaloso: os três anos e meio sem explicação convincente e definitiva para o seqüestro e assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Os ingredientes desse caso indicam, todos, um enredo de gravidades em que o assassinato não foi o primeiro nem o último crime, Celso Daniel não foi o único figurante político proeminente e nada faz crer que os antecedentes se restrinjam à área de Santo André.
Roberto Jefferson, além da menção espontânea e inesperada à relação entre o assassinato de Celso Daniel e as recentes denúncias de corrupção política, disso, fez questão de dizer, "não tem dúvida". São duas indicações das quais ele e nós outros não devemos esquecer, para os esclarecimentos prometidos ou para as eventuais cobranças. Descobrir o que houve ou há, de fato, por trás do crime de Santo André pode se revelar muito mais importante do que foi admitido até hoje.
Tanto mais que há, também encoberto por explicações inconvincentes, o assassinato de outro prefeito petista, Toninho da Costa Santos, de Campinas, motivo de reiterados pedidos a Lula, todos infrutíferos, de novas investigações.

Bingo!
CPI dos Bingos. Cria, não cria, compõe, não compõe, instala, não instala, funciona, não funciona. E se, afinal em funcionamento, a CPI encontrar indícios de que o dinheiro pedido por Waldomiro Diniz ao empresário de jogo Carlinhos Cachoeira não era para ele, apesar de sua titubeante confissão, mas para fins como o "mensalão", custos partidários e outros agora citados?
Para quem espere investigação razoável, a CPI dos Bingos até que merece uma aposta em revelações interessantes.

Anti-sociais
O noticiado fechamento de 313 salas de aula pela administração José Serra é bem a cara da administração pública à brasileira. Foram fechadas, é a alegação, porque seus respectivos alunos não somam os 15 exigidos pela regulamentação do Mova, Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos.
Onde haja analfabeto, um que seja, a administração pública tem o dever moral, a obrigação legal e a dívida humana de proporcionar-lhe a mais fácil condição para alfabetizar-se. A administração paulistana satisfez-se em mandar os dispensados procurarem a escola mais próxima (quanto será isso?) da extinta.
E por que, para salvar uma sala de alfabetização de jovens e adultos, são necessários no mínimo 15 infelizes analfabetos, e não 11 ou 9 ou 6 ou 3? Trata-se de mulheres e homens, pessoas, e não de lotes de analfabetos, como pretende esse Mova tão contrário ao próprio nome. Aos letrados desse Mova e da administração paulistana não ocorreu que a tal regulamentação não é coisa de analfabeto, mas é coisa de ignorante. E tão simples seria mudá-la.

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