O Estado de S. Paulo |
28/6/2005 |
PMDB só aceita apoiar Lula se o PT abrir mão de candidaturas nos Estados O presidente Luiz Inácio da Silva já aceitou algumas das condições impostas pelo PMDB para entrar de corpo inteiro no governo, sendo a aceitação da candidatura própria à Presidência da República a principal delas. No entanto, o partido presidido por Michel Temer continua fazendo charme, argumentando que é preciso ampliar as consultas e saber se "as bases" estão interessadas em dar os braços a um governo em mau momento. O motivo da resistência não diz respeito à quantidade ou à qualidade dos ministérios oferecidos. Até agora quatro, mas os pemedebistas, se acharem conveniente, sabem que é apenas a primeira oferta; há margem para ampliação. A razão do titubeio são as eleições estaduais. O PMDB não quer apenas ficar desobrigado de apoiar a reeleição de Lula. Quer um compromisso explícito da cúpula petista/governista de que o PT não terá candidatos a governos de Estados onde, primeiro, o governador concorra à reeleição e, em segundo lugar, onde o candidato pemedebista estiver bem posicionado. Os deputados federais reivindicam coligação nas eleições proporcionais e os postulantes ao Senado - a renovação será de apenas um terço, com uma só vaga em disputa por Estado - pretendem apoio onde der e tratamento ameno onde o PT tiver candidato. Além disso, os pemedebistas pedem parceria para derrubar o item da reforma política aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara reduzindo de 5% para 2% a proporção de votos obtidos pelos partidos no País para terem acesso ao Parlamento. O PMDB quer ajuda para manter em 5% e, assim, reduzir a concorrência dos pequenos. Ou seja, para entrar inteiro no governo de Lula o PMDB exige um compromisso de âmbito nacional, não apenas federal no sentido brasiliense da palavra. Numa tradução algo popular feita por um deputado petista, os pemedebistas reivindicam casa, comida e roupa lavada até 2006. A ala mais afinada com o Planalto tem transmitido ao palácio expectativas otimistas. Acha que será possível levar os governadores, deixando o Rio de Janeiro com Anthony Garotinho de lado. Digamos que seja uma avaliação excessivamente entusiasmada, dada a dedicação de Garotinho ao tema, a disposição dele de mobilizar as chamadas "bases", o tempo que tem disponível para isso, a posse da máquina de um Estado importante como o Rio e o respaldo da decisão, validada pela Justiça, tomada pelo diretório nacional do PMDB em dezembro passado em favor do abandono dos cargos no governo. A tarefa, por essas e algumas outras razões mais, avizinha-se de complicada execução. Não impossível, mas dificilmente nos termos e no tempo pretendidos pelo presidente da República. O PMDB dá mostras de que estenderá ao máximo a corda e, se aceitar, exigirá garantias de sangue. Não há no partido nenhuma confiança na capacidade da cúpula de fazer o acordo firmado em Brasília valer nos Estados lá na frente, quando se iniciar o processo eleitoral. As eleições municipais mostraram isso. E, na época, o governo federal, e por conseqüência a direção nacional do PT, estava muito mais forte que hoje. Não se pôde fazer nada contra rebeldias localizadas - como o rompimento do acordo com o PC do B em Fortaleza, por exemplo - porque teria sido necessário intervir também em São Paulo, onde Marta Suplicy recusou aliança com o PMDB por considerar o partido indigno de sua companhia. O presidente do PT, José Genoino, não está em posição confortável para avalizar acordos regionais com a antecedência exigida pelo PMDB. Além de personagem do elenco de primeira linha do escândalo em curso, Genoino tem nove adversários internos a postular seu posto na eleição direta para a presidência do PT em setembro próximo. Mas, a despeito de todas essas dificuldades, e não obstante a evidência de todas elas, não há no horizonte do governo um plano alternativo de parceria partidária à eventual recusa - ou resistência prolongada - do PMDB. Talvez por isso, para dar ao fato contornos de consumado, o discurso do presidente do Senado, Renan Calheiros, favorável ao apoio, tenha passado a incorporar o argumento de que seu partido é "insubstituível" para a consecução da "governabilidade", segundo ele "mercadoria" que não se encontra em qualquer lugar. Aliás, por mais difuso e desvirtuado que seja hoje o conceito de "governabilidade", na categoria das mercadorias disponíveis só em raras casas do ramo ele ainda não havia sido incluído. Plano de vôo O presidente Lula demonstra disposição de reagir à crise: pôs o ministério de prontidão para acompanhar e avaliar diariamente os acontecimentos; prometeu demissões de envolvidos em denúncias, está empenhado em reformular os métodos de funcionamento do governo. Falta, entretanto, explicitar qual é o plano de vôo. Por exemplo, chamou o PMDB, informou sobre a disponibilidade de mais dois ministérios, mas não disse exatamente a que projeto de governo deve o partido se integrar. Por enquanto, o nome do jogo continua sendo a barganha de sempre. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, junho 28, 2005
Dora Kramer - Casa, comida e roupa lavada
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