Entrevista:O Estado inteligente

domingo, junho 19, 2005

VALDO CRUZ :Limite do caos

folha de s paulo
BRASÍLIA -
Crises agudas costumam criar oportunidades, abrindo janelas para processos de ruptura. Alguns as aproveitam para tomar decisões tidas como inviáveis. Outros acabam tragados por elas.
Lula sinaliza ter optado pelo rompimento ao afastar José Dirceu de sua equipe de governo. Foi preciso, porém, chegar ao limite do caos político para sair da letargia.
O fato é que o governo corria sérios riscos com Dirceu. Já o PT, em frangalhos, precisa dele. Sua queda, resultado da extrema fraqueza do governo e do partido, representa a oportunidade de recomeço para ambos.
Na avaliação de amigos do presidente, um recomeço urgente. Afinal, o receio desse grupo é que a fragilização do PT leve a um quadro dramático. Qual seja, o partido deixar de ser a referência de organizações e movimentos sociais.
Bem ou mal, grupos como CUT e MST hoje são controlados pelos petistas. Protestam e pressionam, mas não explodem. Um PT esfacelado perderia a capacidade de conduzir esses movimentos. E aí?
Aí, sofreria o governo Lula. Diante de sua incapacidade em distribuir renda, estaria armado um cenário propício à desordem social. Um exagero? Talvez não, mantida a inércia lulista e a fraqueza petista.
Auxiliares de Lula acreditam que, apesar de tardia, a reação veio a tempo. Fora do governo, Dirceu teria condições de unir novamente o PT e comandar a reação do partido. O problema é que, antes de tudo, terá de lutar por sua sobrevivência.
Já o presidente teria despertado para a necessidade de sair do imobilismo. Promoverá mais trocas de ministros e estaria disposto a adotar medidas para enxugar a máquina e torná-la mais eficiente. A conferir.
Seu futuro depende do grau de rompimento com o modelo atual que irá imprimir a partir de agora. Afinal, a simples ausência do ex-guerrilheiro José Dirceu não será suficiente para dizer que tudo mudou.

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