Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, abril 12, 2005
Merval Pereira:Discutindo o Islã
ANCARA. Começa hoje aqui na Turquia, primeiro em Ancara e depois em Istambul, um simpósio internacional cujo objetivo é discutir a questão do Islã diante da crescente hegemonia dos Estados Unidos no mundo, especialmente depois dos atentados de 11 de setembro. Diversos intelectuais europeus, entre eles os filósofos franceses Jean Baudrillard e Edgar Morin e o sociólogo Alan Touraine, e o italiano Gianni Vatimo discutirão a entrada da Turquia na Comunidade Européia, a partir da idéia básica de que a contraposição à hegemonia americana tem que ser o conceito de Europa alargada, que envolve a Turquia.
O centro das críticas é a ação americana após os atentados terroristas, e alguns dos principais estudiosos dos Estados Unidos estarão presentes ao simpósio. A globalização e suas conseqüências econômicas, sociais e políticas no mundo moderno servirão de base para as discussões. A professora de filosofia política da Universidade de Cornell Susan Buck Morss, e o professor da Universidade de Nova York Craig Calhoun analisarão a situação dos Estados Unidos “após a hegemonia”.
Da parte brasileira, falarão o senador Cristovam Buarque, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o filósofo Sérgio Paulo Rouanet e o sociólogo Hélio Jaguaribe. Participarão da abertura do simpósio, na Universidade de Bilkent, em Ancara, o vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Hamid Reza Asefi, e o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Abdoullah Gul.
Organizado pela Academia da Latinidade, entidade cultural internacional financiada por governos europeus e pela própria União Européia, e que tem o apoio do governo brasileiro, o simpósio tem o objetivo de ampliar as discussões sobre a ação americana no mundo, em conseqüência dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, e faz parte de uma série que se iniciou em março de 2002, em Teerã, sobre a latinidade e a herança islâmica, para discutir o diálogo cultural. No mesmo ano, voltou a se reunir no Rio e, no ano seguinte, em Paris. No ano passado, sob o tema geral “a hegemonia e a civilização do medo”, o simpósio se realizou em Alexandria, no Egito, com uma segunda etapa na Universidade de Nova York, às vésperas da eleição que deu um segundo mandato ao presidente Bush.
Segundo o secretário-geral da Academia da Latinidade, o filósofo brasileiro Candido Mendes, depois da confirmação de Bush no governo americano, o novo diálogo “tem que enfrentar não mais o problema da mera dominação cultural, mas da hegemonia americana”. Candido Mendes, antes de viajar para a Turquia, teve um café da manhã em Paris com o presidente iraniano Moahmad Khatami, que anunciou que ao deixar o governo, em agosto, criará uma fundação “na qual vai se bater por uma cidadania das civilizações, em contraposição a uma aliança apenas de Estados”.
A idéia, segundo Candido Mendes, “é compreender que, dentro desse quadro, é preciso ter uma visão múltipla do Islã, compreender o Islã iraniano, o Islã árabe e o Islã turco. E que é preciso que nessa riqueza de perspectivas se mantenha uma cultura da diferença, que precisa começar dentro do mundo islâmico, contra o fundamentalismo ocidental”.
Candido Mendes diz que essa postura é necessária “diante da evidência de que o Congresso americano começa a aderir à tese de que o futuro do mundo depende de se impor os valores da declaração da independência americana. Isso, nas melhores intenções, é transformar os universais em simulacros”, reage Candido Mendes, usando um termo característico da linguagem da filosofia de Baudrillard.
A reunião na Turquia ocorre pouco antes da reunião de cúpula que o governo brasileiro realizará no próximo mês, em Brasília, reunindo os principais dirigentes do mundo árabe e da América do Sul, que tantas preocupações está causando ao governo americano, que pediu — e teve negada — a participação como observador. Segundo Candido Mendes, porém, a reunião de Brasília “está muito mais ligada ainda ao jogo dos equilíbrios internacionais a partir do peso de Estados, e de alianças clássicas, não do Islã, mas do mundo árabe”.
Segundo ele, esta é “uma visão antiga” da questão islâmica. “Nossa conferência vai pegar o mundo turco, é a defesa da noção latina a partir do Mediterrâneo, o lugar natural de contato entre o Ocidente e o Islã, a partir da latinidade e do mundo turco”.
O mundo árabe, por sinal, foi objeto, pelo terceiro ano seguido, de um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre o desenvolvimento humano abrangendo Marrocos, Argélia, Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Palestina e Líbano. Divulgado semana passada, mostra que as reformas nesses países são “embrionárias e fragmentadas, insuficientes para dissipar o ambiente repressivo predominante”.
Segundo o documento, as liberdades ficam sujeitas a dois tipos de poder: o dos regimes não democráticos e o da tradição e do tribalismo, às vezes encobertos pela religião. “Essas forças gêmeas se uniram para interromper as liberdades e os direitos fundamentais”, diz o relatório do Pnud.
A queda do regime ditatorial de Saddam Hussein no Iraque e a ocupação americana não abriram uma era de liberdade na região, diz o documento do Pnud. E a continuidade dos conflitos, “juntamente com a marginalização da ONU em um mundo globalizado e unipolar, faz aumentar o sentimento de despeito e de injustiça que pode exacerbar a tendência ao extremismo”.
Jornal O Globo
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