A América Latina passará, de dezembro deste ano até o fim do ano que vem, por seis eleições presidenciais. Seriam sete, mas a incerteza paira sobre o Equador. O Chile será o primeiro e lá uma mulher está na frente. Em 2006, haverá eleições no México, no Peru, na Colômbia, no Brasil e na Venezuela. No México, o candidato da esquerda, que está na frente nas pesquisas, corre o risco de não poder concorrer.
Em dezembro de 2005, haverá eleições no Chile para suceder a Ricardo Lagos. Por enquanto, na frente nas pesquisas, estão duas mulheres, todas as duas foram ministras de Lagos. Michelle Bachelet era ministra da Defesa e é do partido socialista. O pai dela era general no governo Allende, foi preso por Pinochet e fuzilado. Está na frente das pesquisas, com 44% das intenções de votos. Maria Soledad Alvear é da Democracia Cristã e foi ministra das Relações Exteriores. Lagos sugeriu que ambas tentassem conquistar o apoio da coalizão de centro-esquerda que está no poder. Contudo, não se pode subestimar a força da direita chilena, que se organiza atrás do ex-prefeito de Santiago Joaquin Lavin, segundo colocado nas pesquisas.
No México, a eleição será em julho de 2006, mas o primeiro lance está sendo jogado agora. O candidato da esquerda, Manuel Lopez Obrador, prefeito da Cidade do México, do PRD, está na frente em todas as pesquisas e corre o risco de não concorrer. A prefeitura estava fazendo uma pequena estrada e um dos indenizados contestou na Justiça o valor da indenização. O juiz determinou a suspensão da obra e o secretário de Transportes desobedeceu. Isso se transformou num pedido de licença para processar Obrador por desacato à Justiça. Na semana passada, foi aprovado o desafuero — retirada de suas prerrogativas para que possa ser processado. Sendo processado, não poderá recorrer. Lopez Obrador é uma espécie de Lula, antes da Carta aos Brasileiros. A manobra para evitar sua candidatura foi criticada até pelo “Washington Post”.
O candidato do PRI será o presidente do partido, Roberto Madrazo. Desde que foi derrotado por Vicente Fox, o PRI ganhou várias eleições estaduais. No Congresso, é a primeira força. Há um sentimento de nostalgia em relação ao partido que governou o país por 71 anos. O terceiro candidato, do PAN, de Fox, pode ser o atual secretário de governo Santiago Creel.
No Peru, a eleição está prevista para abril do ano que vem e o candidato que está na frente é o político que fracassou na Presidência: Alan Garcia, no fim dos anos 80, fez um governo desastroso. Está na frente e representando o maior partido do país, o APRA. O candidato que terá mais chances, segundo diplomatas, é quem estiver no segundo turno com Alan Garcia. O presidente Alejandro Toledo continua em crônica baixa popularidade; ele ainda não disse o nome do seu candidato. O outro candidato é Valentin Paniágua. Ele assumiu o poder por alguns meses, após a queda de Fujimori, e conduziu a transição democrática.
Na Colômbia, o candidato mais forte é o atual presidente, Álvaro Uribe. Com a Venezuela em dezembro de 2006, fecha-se a temporada de eleições na América Latina, mas essa última tem tudo para ser turbulenta. Se ganhar, Hugo Chávez terá a possibilidade de ficar, ao todo, 15 anos no poder.
Na semana passada, Chávez mostrou toda a sua tropa de milícias populares.
— É um contingente maior do que as Forças Armadas. Uma força tão grande é justificada em razão do medo dos Estados Unidos, que o governo Bush torna real quando faz as declarações que tem feito sobre o governo venezuelano. Chávez tem usado muito bem as reações às declarações hostis do governo Bush — comenta o cientista político Marcelo Vasconcelos, do Iuperj.
O professor, coordenador executivo do Observatório Político Sul-Americano do Iuperj, conta que Chávez, desde que venceu o plebiscito, tem aumentado o poder em suas mãos. Já tinha o controle do Congresso. Agora aumentou a composição da Suprema Corte e nomeou pessoas leais a ele. Aprovou uma lei de censura à imprensa e controle dos meios de comunicação. Mudou o Código Penal, criando a idéia do Delito de Desacato, que prende quem o ofender por períodos de seis a trinta meses e proíbe manifestações em via pública. O presidente Lula disse que não aceitava que seu amigo Chávez fosse difamado. Chávez não precisa de quem o difame. Bastam seus próprios atos.
A América Latina terá, portanto, uma temporada de grandes emoções políticas. Felizmente, em muitos casos, tudo se passa dentro da mais absoluta ordem democrática. No Equador, o presidente deposto tentou, anos atrás, um golpe de Estado. Fracassado, tentou a via eleitoral. No poder, quis manobrar os outros poderes. Roteiro que funcionou na Venezuela. No México, tenta-se o casuísmo jurídico contra o favorito. Tudo isso preocupa, num continente de democracia recente e ainda instável.
O GLOBO
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
abril
(386)
- VEJA Entrevista: Condoleezza Rice
- Diogo Mainardi:Vamos soltar os bandidos
- Tales Alvarenga:Espelho, espelho meu
- André Petry:Os corruptos de fé?
- Roberto Pompeu de Toledo:A jóia da coroa
- Baby, want you please come here - Shirley Horn, vo...
- O mapa da indústria GESNER OLIVEIRA-
- JANIO DE FREITAS:A fala do trono
- FERNANDO RODRIGUES:220 vezes "eu"
- CLÓVIS ROSSI :Distante e morno
- PRIMEIRA COLETIVA
- Dora Kramer:Lula reincorpora o candidato
- AUGUSTO NUNES :Entrevista antecipa tática do candi...
- Merval Pereira:Mãos de tesoura
- Miriam Leitão:Quase monólogo
- O dia em que o jornalismo político morreu
- Eles, que deram um pé no traseiro da teoria política
- Lucia Hippolito: O desejo de controlar as informações
- Goin way blues - McCoy Tyner, piano
- O novo ataque ao Copom - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE B...
- JANIO DE FREITAS :Mensageira da crise
- FHC concedeu coletiva formal ao menos oito vezes
- CLÓVIS ROSSI :Todos são frágeis
- ELIANE CANTANHÊDE :Pelo mundo afora
- NELSON MOTTA:Coisas da política ou burrice mesmo?
- Dora Kramer: PFL quer espaço para Cesar
- Miriam Leitão:Dificuldade à vista
- Luiz Garcia :Tiros sem misericórdia?
- Merval Pereira:Barrando o terror
- Villas-Bôas Corrêa: A conversão de Severino
- Lucia Hippolito: A hora das explicações
- Let’s call this - Bruce Barth, piano
- CÂMBIO VALORIZADO
- CLÓVIS ROSSI :Quem manda na economia?
- ELIANE CANTANHÊDE :"Milhões desse tipo"
- DEMÉTRIO MAGNOLI:Preto no branco
- LUÍS NASSIF :As prestações sem juros
- Dora Kramer:À sombra dos bumerangues
- Miriam Leitão:Erro de identidade
- Merval Pereira:Sentimentos ambíguos
- Guilherme Fiuza:A culpa é do traseiro
- Georgia on my mind - Dave Brubeck, piano.
- Lucia Hippolito: Ele não sabe o que diz
- PALPITE INFELIZ
- TUDO POR UMA VAGA
- CLÓVIS ROSSI:Presidente também é 'comodista'
- FERNANDO RODRIGUES:Os traseiros de cada um
- "Liderança não se proclama", afirma FHC
- O dogma de são Copom- PAULO RABELLO DE CASTRO
- LUÍS NASSIF:Consumo e cidadania- ainda o "levantar...
- Dora Kramer:Borbulhas internacionais
- Zuenir Ventura:Minha pátria, minha língua
- ELIO GASPARI:Furlan e Bill Gates x Zé Dirceu
- Miriam Leitão: Nada trivial
- Merval Pereira:Palavras ao léu
- REFLEXOS DO BESTEIROL
- Villas-Bôas Corrêa: A greve das nádegas
- AUGUSTO NUNES:O Aerolula pousa no mundo da Lua
- VEJA:Jorge Gerdau Johannpeter
- XICO GRAZIANO:Paulada no agricultor
- Por que ele não levanta o traseiro da cadeira e fa...
- Lucia Hippolito: Eterno enquanto dure
- Luiz Garcia:Sandices em pleno vôo
- Arnaldo Jabor:Festival de Besteira que Assola o País
- Miriam Leitão:Economia esfria
- Merval Pereira:Liberou geral
- GUERRA PETISTA
- Clóvis Rossi:Apenas band-aid
- ELIANE CANTANHÊDE:De Brasília para o mundo
- JANIO DE FREITAS:Os co-irmãos
- Dora Kramer: Sai reforma, entra ‘mudança pontual’
- AUGUSTO NUNES O pêndulo que oscila sobre nós
- Resgate em Quito (filme de segunda)
- Round midnight - Emil Virklicky, piano; Juraf Bart...
- Reforma política, já- Lucia Hippolito
- INCERTEZA NOS EUA
- VINICIUS TORRES FREIRE :Bento, Bush e blogs
- FERNANDO RODRIGUES: Revisão constitucional
- Os trabalhos e os dias- MARCO ANTONIO VILLA
- Zelão / O Morro Não Tem Vez - Cláudia Telles
- Fora de propósito
- JOÃO UBALDO RIBEIRO:Viva o povo brasileiro
- Merval Pereira: O desafio das metrópoles
- Miriam Leitão:Música e trégua
- DEMOCRACIA INACABADA
- GOLPE E ASILO POLÍTICO
- CLÓVIS ROSSI:A corrida pela esperança
- ELIANE CANTANHÊDE:Asilo já!
- ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES: Reforma tributária e ga...
- ELIO GASPARI:A boca-livre deve ir para Quito
- JANIO DE FREITAS:Sonho de potência
- LUÍS NASSIF Racismo esportivo
- Quando as cidades dão certo - JOSÉ ALEXANDRE SCHEI...
- AUGUSTO NUNES: O encontro que Lula evita há dois anos
- O depoimento de uma brasileira no Equador
- Sabiá - Elis Regina]
- Diogo Mainardi:A revolução geriátrica
- Tales Alvarenga:Assume mas não leva
- André Petry: Isso é que é racismo
- Roberto Pompeu de Toledo:Fato extraordinário:um pa...
-
▼
abril
(386)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário