Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 22, 2005

CLÓVIS ROSSI:O Lula que foi Lula até o fim





MADRI - O Brasil é o país adequado para o exílio de Lucio Gutiérrez, o presidente equatoriano deposto pelo grito das ruas.
Afinal, Gutiérrez, a quem os próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamam de "Lucho", não de Lucio, ganhou a eleição como Lula (o Lula candidato das várias campanhas eleitorais em que se meteu). E governou como Lula (o Lula que jogou no lixo tudo o que dizia para fazer um governo mofino, igualzinho ao que condenava com fúria).
Nas noites vazias, o "Lucho" que era Lula e continuou Lula quando Lula deixou de ser Lula para ser sabe-se lá o que poderia jogar conversa fora com o presidente brasileiro, debatendo a inadequação de ambos para a Presidência.
Calma, petistas furibundos, não estou propondo a deposição de Lula (e, conseqüentemente, que vocês percam a boquinha, não). Estou me referindo ao que o próprio presidente disse a respeito dele mesmo:
"Eu estou presidente, mas o que eu sou mesmo é um dirigente sindical, que acha que através do movimento sindical a gente pode dar contribuições enormes para as coisas".
Pois é, como dirigente sindical, Lula deu de fato sua contribuição e construiu sua história. Como presidente, apenas "está". Não faz nada que tenha o mais remoto parentesco com "as contribuições enormes para as coisas" que deu como sindicalista.
Gutiérrez também. Deu armas ao movimento indígena, representação de um grupo marginalizado desde sempre, com o que se credenciou para candidatar-se à Presidência.
Mas, na Presidência, apenas "esteve". Nada fez que combinasse com suas promessas.
Já virou um padrão na América Latina: prometeu, não cumpriu, tchau e (em vez de bênção) um pé no traseiro. No Brasil, com a sua tradicional lentidão e mansidão, o tchau acaba vindo nas urnas, cedo ou tarde, mas vem.
Folha de S.Paulo

Nenhum comentário:

Arquivo do blog