Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, abril 22, 2005

CONFLITO COMERCIAL



Em fevereiro , o déficit comercial dos EUA atingiu novo recorde. Segundo o Departamento de Comércio, alcançou US$ 61 bilhões, o que representou um crescimento de 4,27% em relação a janeiro. A projeção dos resultados dos dois primeiros meses do ano sinaliza para 2005 um déficit da ordem de US$ 717,2 bilhões, muito acima do registrado em 2004, US$ 617,1 bilhões.
Para observadores norte-americanos, a dificuldade em conter o desequilíbrio da balança comercial teria resultado em uma perda de 3 milhões de empregos na indústria manufatureira do país, desde 2000. A fim de conter esses efeitos, os EUA poderiam intensificar as pressões protecionistas, sobretudo em relação à China. O déficit comercial com aquele país, que alcançou US$ 29 bilhões no primeiro bimestre, projeta um resultado anual negativo de US$ 175 bilhões, superior ao de 2004.
As exportações chinesas totais apresentaram expansão de 35% em 2004. A produção chinesa vai conseguindo penetrar em novos mercados, tais como commodities industriais (aço e produtos químicos). Esse processo agressivo de expansão comercial não decorre apenas de uma taxa de câmbio desvalorizada, como sugerem alguns analistas. Grande parte do crescimento das exportações chinesas está associado à maturação de investimentos realizados por corporações transnacionais, que montam seus centros de produção no território chinês, a fim de absorver custos salariais baixíssimos e exportar, seja para seus países de origem, seja para o resto do mundo.
Assim, a posição de Washington -de estímulo à integração da China na economia global e, simultaneamente, de contenção do poder militar chinês na região asiática- pode sofrer alterações. Cresce, portanto, o risco de o superávit comercial chinês, sobretudo com os EUA, desencadear uma reação protecionista, que poderá gerar turbulências nos mercados globais e transbordar para os países emergentes, como o Brasil.

Folha de S.Paulo - Editoriais

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