Os indicadores estão mostrando que a economia está em desaceleração há muito tempo. É o que calcula o economista José Julio Senna, que está convencido de que a economia não vai crescer mais do que 3% este ano. Nas últimas semanas, aumentou o grau de pessimismo com a inflação e o crescimento. A única previsão que melhora a cada semana é a do saldo da balança comercial, que em dois meses saiu de US$ 27 bilhões para US$ 33,8 bilhões.
— A economia está com toda a pinta de que vai crescer abaixo do seu potencial — disse-me o economista José Julio Senna, da MCM Consultores. Ele conta que o índice montado com todos os setores da economia mostra que, em apenas 40% deles, há crescimento e que vários outros estão apontando desaceleração há algum tempo. A política industrial vem caindo e o PIB também (veja gráfico).
Senna acha que os juros não precisariam ter subido na semana passada, apesar de apoiar os primeiros movimentos de elevação dos juros do Banco Central. A nova alta pode reduzir ainda mais o crescimento econômico.
Armando Castelar, do Ipea, acha que o BC fez bem em aumentar os juros porque a inflação está, de fato, subindo. Ele tem uma visão um pouco mais otimista de crescimento, acredita em algo próximo de 3,5%, mesmo assim, admite que o contexto econômico é de economia esfriando:
— Neste momento, a economia está em desaceleração. A indústria já ia mesmo desacelerar, ou de forma desordenada e com alta de inflação ou de forma coordenada pelo Banco Central. A elevação dos juros foi para garantir a coordenação.
O economista do Ipea afirma que, com a atual taxa de investimento, o Brasil não consegue crescer muito além de 3%:
— No último ano, cresceu mais porque não havia crescido no ano anterior e estava aproveitando a folga. Agora a folga acabou. O país só cresce se investir mais.
Na visão de Senna, o país vai crescer 3% este ano, em parte, pelo efeito estatístico do passado, porque os últimos dados já mostram um ritmo bem menor:
— Na margem, o Brasil já está crescendo menos de 2%. No último trimestre de 2004, cresceu 0,4% o que dá um dado anualizado de 1,7%. O fato de o potencial de crescimento ser baixo não é culpa deste governo, porque no passado é que não houve o investimento necessário para crescer mais, mas será responsabilidade do atual governo se houver baixo investimento agora que não permita crescimento maior daqui em diante.
O que preocupa ambos os economistas e tantos outros é o aumento dos gastos públicos. Aparentemente tudo está muito bem, porque o Brasil continuará este ano cumprindo as metas fiscais de superávit primário.
— No ano passado, os gastos aumentaram 10% real e este ano aumentarão em 6%. Isso é prejudicial à economia — diz Senna.
Armando Castelar acredita que há boas notícias na economia, mas alguns sinais preocupantes estão se formando, entre eles, o aumento do gasto:
— O governo tem muito a comemorar porque o ano passado foi bom e o cenário externo continua benigno, mas não pode ter uma atitude complacente com os erros.
— Honestamente acho que há pouco a comemorar. Na melhora do cenário, o governo tem zero de mérito. É comum dizer-se que o governo é ortodoxo na macroeconomia. Não podia discordar mais. Na política de curto prazo, o governo agiu com responsabilidade, mas o que está na agenda para reduzir o gasto? Nada, zero, rosca! — rebate Senna.
Em resumo, esses dois economistas podem ter um ou outro ponto de divergência, mas concordam em que: o governo anda gastando demais, não tem agenda de reformas, a economia está esfriando. Os juros em alta só pioram o quadro, porque derrubam ainda mais o crescimento e elevam o gasto público.
O GLOBO
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, abril 26, 2005
Miriam Leitão:Economia esfria
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