Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
domingo, abril 03, 2005
FOLHA DE S.PAULO -JANIO DE FREITAS;Horrores do caos
Na contramão: a despeito de toda a inculpação escrita e dita todos os dias, nenhum governo, desde que me entendo, investiu mais recursos e esforços pessoais e administrativos na segurança pública do Rio do que os governos Garotinho/Rosinha, nem houve governo federal mais diligente no uso legítimo de seus meios policiais do que o governo Lula.
O assassinato da freira Dorothy Stang fez recair sobre o governo Lula, e em particular sobre o Ministério da Justiça e a Polícia Federal, uma torrente de responsabilizações pela consumação das ameaças à religiosa. Governo é responsável, sim, pela segurança e pela vida de todos. Os assassinatos na Amazônia, de religiosos e ativistas, não se contam mais às dezenas nem às centenas: já são milhares, em série, em cumprimento de sentenças de morte pronunciadas pela mais alta instância da Justiça local -os grileiros e os cortadores/exportadores de madeira nobre, os que fizeram com grandes invasões e falsas compras as maiores propriedades de terra do Brasil e, muitas, do mundo mesmo. Mas os focos de risco também não se contam mais às dezenas nem centenas, são milhares. E não cabem só na Amazônia.
As pessoas que comandam, por sua posição social e econômica de influência, a condenação do aparelho estatal pelas suas omissões e insuficiências são as mesmas que pregam, com êxito, a contenção de gastos governamentais como prioridade absoluta do governo. O resultado na segurança pública é que, em várias operações da Polícia Federal, ocorre a humorística necessidade de que os agentes operem com dinheiro seu. Se antes já precisava de maior quadro de pessoal, com a vasta ampliação de suas atividades a PF está nesta situação inacreditável: sabe onde se localizam inúmeros núcleos de corrupção e contrabando, por exemplo, mas está freada pela falta de pessoal e outros meios decorrente da falta de verbas imposta pelo Ministério da Fazenda (onde está o verdadeiro centro do governo Lula).
A ocorrência de tragédias como a de Dorothy Stang é muito proveitosa para políticos e jornalistas fazerem imagem pessoal admirável, mas não é boa medida para a operosidade ou o relaxamento de governos na segurança pública. São os fatores que devem medir os governos.
O Brasil pode estar com saldo maravilhoso nas contas da Fazenda e do Banco Central, mas, do ponto de vista da segurança pública e da própria vida humana, o Brasil está em estado caótico. Nem mãe de jogador de futebol está isenta da ação de criminosos mesmo que esteja dentro de sua casa. E o que pode fazer o governo paulista, mandar proteção policial para cada mãe de um dos incontáveis jogadores endinheirados? A quantidade de policiais e seus carros nas ruas do Rio, hoje em dia, é impressionante. Mas como policiar todas as ruas e todas as calçadas e esquinas e praças para que não haja lugar aproveitável pelo assaltante?
O estado caótico da insegurança na sociedade tem uma de suas raízes no próprio dispositivo da segurança. Os quadros policiais estão infiltrados a ponto de fazerem, muitas vezes, com que polícia seja tão temida, e pelos mesmos motivos, quanto assaltante e seqüestrador. Uma das ações mais notórias da Polícia Federal, no governo Lula, desmontou em São Paulo uma quadrilha integrada por policiais da sua cúpula no Estado, associados a juizes. Os inquéritos internos na PF nada devem às suas ações externas tão numerosas e bem sucedidas.
A chacina atribuída a policiais em dois municípios vizinhos do Rio e o lançamento de duas cabeças em quartel da PM, também na Baixada, voltam a acentuar a dúvida de saber se o problema maior da insegurança, no Rio, está na criminalidade comum. Um dos feitos mais positivos, nos últimos anos da ação contra o crime na cidade, é o duro esforço de limpeza das polícias, como jamais foi ousado antes. Nos últimos quatro a cinco anos, foram cerca de mil expulsões completadas, sem contar os processos em andamento na corregedoria policial e no Judiciário. Isso, apesar do corporativismo que dificulta, com freqüência, tanto a investigação como a condenação. A chacina e o crime das cabeças, por sinal, foram reações ao rigor afinal aplicado a um batalha da PM na Baixada.
O desespero compreensível, aliado à sensação de impotência, move conclusões mal fundadas, e inculpações nem sempre justas com o poder público. No caso do Rio, essa tendência é agravada por interesse de grupos políticos/ empresariais que pretendem tomar o poder, todos os poderes, na cidade e no Estado, e por setores do catolicismo inquieto com o crescimento das igrejas evangélicas. São duas forças com poderosa influência em todos os tipos de comunicação pública, já voltadas também para a desfusão dos ex-Estados do Rio e da Guanabara. Ou seja, uma coisa é o problema da criminalidade, outra são os variados propósitos e formas de sua exploração.
O caos é complicado, valha o truísmo.
Espeto de pau
Como sempre, o Rio paga. A chacina nos municípios de Nova Iguaçu e de Queimados foi assim noticiada, como sempre, pelo "The New York Times": "30 mortos em ruas do Rio". Quando comecei o velho sorriso, em homenagem à não menos velha opinião pessoal e profissional sobre o NYT, dei com esta outra manchete de primeira: "Massacre no Rio deixa 30 mortos". No meu jornal, como costumam dizer os jornalistas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
abril
(386)
- VEJA Entrevista: Condoleezza Rice
- Diogo Mainardi:Vamos soltar os bandidos
- Tales Alvarenga:Espelho, espelho meu
- André Petry:Os corruptos de fé?
- Roberto Pompeu de Toledo:A jóia da coroa
- Baby, want you please come here - Shirley Horn, vo...
- O mapa da indústria GESNER OLIVEIRA-
- JANIO DE FREITAS:A fala do trono
- FERNANDO RODRIGUES:220 vezes "eu"
- CLÓVIS ROSSI :Distante e morno
- PRIMEIRA COLETIVA
- Dora Kramer:Lula reincorpora o candidato
- AUGUSTO NUNES :Entrevista antecipa tática do candi...
- Merval Pereira:Mãos de tesoura
- Miriam Leitão:Quase monólogo
- O dia em que o jornalismo político morreu
- Eles, que deram um pé no traseiro da teoria política
- Lucia Hippolito: O desejo de controlar as informações
- Goin way blues - McCoy Tyner, piano
- O novo ataque ao Copom - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE B...
- JANIO DE FREITAS :Mensageira da crise
- FHC concedeu coletiva formal ao menos oito vezes
- CLÓVIS ROSSI :Todos são frágeis
- ELIANE CANTANHÊDE :Pelo mundo afora
- NELSON MOTTA:Coisas da política ou burrice mesmo?
- Dora Kramer: PFL quer espaço para Cesar
- Miriam Leitão:Dificuldade à vista
- Luiz Garcia :Tiros sem misericórdia?
- Merval Pereira:Barrando o terror
- Villas-Bôas Corrêa: A conversão de Severino
- Lucia Hippolito: A hora das explicações
- Let’s call this - Bruce Barth, piano
- CÂMBIO VALORIZADO
- CLÓVIS ROSSI :Quem manda na economia?
- ELIANE CANTANHÊDE :"Milhões desse tipo"
- DEMÉTRIO MAGNOLI:Preto no branco
- LUÍS NASSIF :As prestações sem juros
- Dora Kramer:À sombra dos bumerangues
- Miriam Leitão:Erro de identidade
- Merval Pereira:Sentimentos ambíguos
- Guilherme Fiuza:A culpa é do traseiro
- Georgia on my mind - Dave Brubeck, piano.
- Lucia Hippolito: Ele não sabe o que diz
- PALPITE INFELIZ
- TUDO POR UMA VAGA
- CLÓVIS ROSSI:Presidente também é 'comodista'
- FERNANDO RODRIGUES:Os traseiros de cada um
- "Liderança não se proclama", afirma FHC
- O dogma de são Copom- PAULO RABELLO DE CASTRO
- LUÍS NASSIF:Consumo e cidadania- ainda o "levantar...
- Dora Kramer:Borbulhas internacionais
- Zuenir Ventura:Minha pátria, minha língua
- ELIO GASPARI:Furlan e Bill Gates x Zé Dirceu
- Miriam Leitão: Nada trivial
- Merval Pereira:Palavras ao léu
- REFLEXOS DO BESTEIROL
- Villas-Bôas Corrêa: A greve das nádegas
- AUGUSTO NUNES:O Aerolula pousa no mundo da Lua
- VEJA:Jorge Gerdau Johannpeter
- XICO GRAZIANO:Paulada no agricultor
- Por que ele não levanta o traseiro da cadeira e fa...
- Lucia Hippolito: Eterno enquanto dure
- Luiz Garcia:Sandices em pleno vôo
- Arnaldo Jabor:Festival de Besteira que Assola o País
- Miriam Leitão:Economia esfria
- Merval Pereira:Liberou geral
- GUERRA PETISTA
- Clóvis Rossi:Apenas band-aid
- ELIANE CANTANHÊDE:De Brasília para o mundo
- JANIO DE FREITAS:Os co-irmãos
- Dora Kramer: Sai reforma, entra ‘mudança pontual’
- AUGUSTO NUNES O pêndulo que oscila sobre nós
- Resgate em Quito (filme de segunda)
- Round midnight - Emil Virklicky, piano; Juraf Bart...
- Reforma política, já- Lucia Hippolito
- INCERTEZA NOS EUA
- VINICIUS TORRES FREIRE :Bento, Bush e blogs
- FERNANDO RODRIGUES: Revisão constitucional
- Os trabalhos e os dias- MARCO ANTONIO VILLA
- Zelão / O Morro Não Tem Vez - Cláudia Telles
- Fora de propósito
- JOÃO UBALDO RIBEIRO:Viva o povo brasileiro
- Merval Pereira: O desafio das metrópoles
- Miriam Leitão:Música e trégua
- DEMOCRACIA INACABADA
- GOLPE E ASILO POLÍTICO
- CLÓVIS ROSSI:A corrida pela esperança
- ELIANE CANTANHÊDE:Asilo já!
- ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES: Reforma tributária e ga...
- ELIO GASPARI:A boca-livre deve ir para Quito
- JANIO DE FREITAS:Sonho de potência
- LUÍS NASSIF Racismo esportivo
- Quando as cidades dão certo - JOSÉ ALEXANDRE SCHEI...
- AUGUSTO NUNES: O encontro que Lula evita há dois anos
- O depoimento de uma brasileira no Equador
- Sabiá - Elis Regina]
- Diogo Mainardi:A revolução geriátrica
- Tales Alvarenga:Assume mas não leva
- André Petry: Isso é que é racismo
- Roberto Pompeu de Toledo:Fato extraordinário:um pa...
-
▼
abril
(386)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário