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domingo, abril 03, 2005
Folha de S.Paulo - Luís Nassif: Monstrinhos e songomongos - 03/04/2005
Um dos grandes dilemas a atormentar as famílias de classe média é sobre a formação a dar aos filhos. Minha geração assistiu à revolução de Woodstock, nos costumes, e de Summerhill na educação. A famosa escola libertária inglesa era a esperança de superação dos velhos modelos ortodoxos de educação, embotadores da criatividade e da iniciativa.
A geração Summerhill dançou. Em plena era da internet, do trabalho em rede, da liberdade de criação, os modelos de escolas libertárias aparentemente entram em declínio. O que ocorre?
Primeiro, é importante salientar as novas características do mercado de trabalho. As modernas formas de gestão estimulam o empreendedorismo até entre funcionários de empresas, o trabalho horizontal, que depende da capacidade de interação dos diversos segmentos, a criatividade, mas amarrada à visão estratégica da empresa. No plano individual, haverá expansão crescente do trabalho em rede. Ambos os movimentos -nas empresas e na rede- demandam estágios avançados de relacionamento social.
As escolas libertárias criam redomas fantásticas, nas quais as crianças podem desenvolver suas aptidões e opiniões livremente, sem as limitações do pensamento burocrático, da visão autoritária, do empacotamento do conteúdo em 60 minutos de aula. Só que aquele mundo de aquário não existe na vida real. O choque com a realidade criou legiões de pessoas meramente malcriadas, indisciplinadas ou gravemente desajustadas social e profissionalmente.
Por outro lado, a escola convencional está longe de abarcar todas as formas de conhecimento que surgiram no rastro da internet.
A criançada que está entrando na escola hoje será a primeira legítima representante da geração "Alt Tab", o pessoal que não aceitará o pensamento linear, monofásico que imperou especialmente nos anos 80 e 90.
Com o volume de informação disponível, com o raciocínio se acostumando desde cedo a trabalhar com várias realidades simultâneas, certamente haverá uma elite intelectual extraordinariamente mais sofisticada, especializada em estruturar pensamentos e informações no universo infinito de dados disponíveis.
Mais do que nunca haverá a necessidade da criatividade -que as escolas libertárias estimulam-, mas amarrada a um pensamento disciplinado.
Não apenas isso. Tome-se o exemplo de análise econômica. Com os dados macroeconômicos, setoriais e regionais cada vez mais disponíveis na internet, a educação a distância será um elemento muito mais eficaz do que a educação presencial. Pela internet, com as modernas ferramentas tecnológicas, será possível pegar o pulso da economia em tempo real. Só que, nessa fase de transição, os cursos à distância na maioria das vezes limitam-se a empacotar o conteúdo presencial.
Por outro lado, trabalhar com essa montanha de dados exigirá não apenas criatividade, como disciplina. E esse ingrediente -fundamental- as escolas libertárias não fornecem. Como não fornecem outro elemento crucial no novo mundo que se desvenda: a capacidade de relacionamento social. É só conferir a quantidade de jovens talentosos, desenvolvedores de softwares e sistemas, incapazes de cumprir um cronograma, que largam um trabalho no meio para atender a uma proposta melhor.
Em estruturas não hierarquizadas, seja no trabalho em rede, seja na gestão horizontal interdepartamental das empresas, a chave é o relacionamento social civilizado. E isso demanda capacidade de entender seu espaço de atuação, não invadir a área do vizinho, saber conversar, negociar, compartilhar, valores que estão longe de serem incutidos nos padrões pedagógicos libertários.
Nos extremos têm-se as escolas convencionais com seus esquemas de fabricação de songomongos, e as libertárias, fabricando monstrinhos que não conhecem limites.
A educação do futuro terá que ser uma síntese depurada desses extremos.
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