Se o futuro confirmar a projeção anunciada na quinta-feira pela petroleira britânica BG, de que as jazidas de petróleo no campo gigante de Tupi somam 30 bilhões de barris, as reservas brasileiras, hoje de 14 bilhões de barris, não aumentarão só 50%, como previu a Petrobrás em dezembro, mas irão duplicar. Mesmo levando em conta que o método da BG apura o volume total e considerando apenas 30% do óleo que é aproveitado, essas reservas podem chegar a 9 bilhões de barris, 12% superiores ao projetado pela Petrobrás.
Na verdade, não chega a ser relevante a divergência de números entre a Petrobrás e a BG (aliás, sócias em Tupi) diante do gigantismo da região petrolífera situada abaixo da rocha de pré-sal, a 7 mil metros de profundidade, que extrapola o Campo de Tupi e se estende pelo mar do Espírito Santo a Santa Catarina. Geólogos que há anos estudam essas rochas do fundo do mar apostam na existência de uma dúzia de campos como o de Tupi. Eles colam no mapa os continentes da América do Sul e da África, há milhões de anos unidos e depois separados, e sustentam que Angola também tem pré-sal e muito óleo por baixo.
Sem dúvida, o Brasil está diante de um fantástico fenômeno gerador de riqueza, como ocorreu há 30 anos com as descobertas na Bacia de Campos. Hoje, com a vantagem de corrermos pouco ou nenhum risco de cometer erros, dado que a constituição rochosa há anos é conhecida, não é nenhum mistério encontrar formas de perfurá-la e os recursos tecnológicos para extrair o óleo a tal profundidade são caros, mas existem e compensam.
No início dos anos 1970, tudo era desconhecido, caro e arriscado. Quando perfurava o sétimo poço, a 2 mil metros de profundidade, sem encontrar óleo, a Petrobrás decidiu abandonar a pesquisa em Campos. Mas a intervenção enérgica e vigorosa do geólogo Carlos Walter, no final da reunião em que a diretoria desistira, mudou o rumo daquela decisão que - o futuro mostrou - teria sido tragicamente errada. O relato é do ex-presidente da Petrobrás Armando Guedes, na época chefe da área de comercialização. Convicto e inconformado, Carlos Walter protestou com entusiasmo:
"Impossível desistir! Estamos a 200 metros da camada de calcário. Vamos perfurar até ela." As palavras soaram como uma ordem incontestável e derrubaram os argumentos de todos, inclusive do general Ernesto Geisel, que presidia a Petrobrás. As pesquisas prosseguiram e, meses depois, a primeira descoberta - o Campo de Garoupa.
O cenário econômico no início da década de 1970 era muito diferente de hoje. A crise do petróleo pressionava os preços, o Brasil importava 80% do petróleo que consumia, enfrentava dificuldades de crédito para financiar a importação, a Petrobrás concentrava pesquisas no Recôncavo Baiano e só encontrava poços secos. A estatal desistiu da Bahia e passou a direcionar investimentos para a criação de subsidiárias, entre elas a Braspetro, que levou para o exterior engenheiros e geólogos, que trouxeram aprendizado com experiências de outros países. Ao mesmo tempo, a pequena abertura dos contratos de risco trouxe para o Brasil técnicos de grandes indústrias estrangeiras, que transmitiram conhecimento para os brasileiros. Essa troca de conhecimentos e tecnologia foi aplicada em Campos e foi fundamental para desencadear as novas descobertas de óleo.
A decisão de insistir nas pesquisas em mar foi acertada, mas arriscada, ousada e corajosa. Afinal, perfurar um poço no mar custava dez vezes mais do que outro em terra. E não havia nenhuma garantia de sucesso. Sem contar que a tecnologia disponível, inclusive no exterior, era muito cara, precária e insuficiente para pesquisar rochas mais profundas.
Em 1974, pela primeira vez - portanto há mais de 30 anos - os geólogos se depararam com uma camada de rocha salina, densa e espessa, situada abaixo das jazidas de óleo na Bacia de Campos. Coube a uma empresa estrangeira, a inglesa British Petroleum (BP), detectar a existência da camada rochosa denominada pré-sal. O que não se sabia na época é que abaixo dela havia gigantescas reservas de óleo.
As suspeitas, que depois evoluíram para a convicção, sobre a existência de óleo abaixo do pré-sal começaram nos primeiros anos deste século. Hoje os geólogos acreditam que o óleo original, de consistência leve e melhor avaliado, está todo ele depositado abaixo do pré-sal e que pela rocha vazaram, de baixo para cima, partículas mais pesadas, que atravessaram furos na camada de sal, provocados por pequenas explosões no centro do globo terrestre.
*Suely Caldas é jornalista e professora de Comunicação da PUC-RJ. E-mail: sucaldas@terra.com.br
Entrevista:O Estado inteligente
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