As coisas devem guardar certa proporção entre si. Se as copas das árvores estão agitadas é porque há vento e não paradeira.
O que acontece no mercado de commodities não guarda proporção com o que tanta gente espera da economia. Se o setor produtivo mundial acreditasse na tese da recessão inevitável, os preços desses produtos não estariam subindo como estão.
O gráfico ao lado diz muita coisa. O estouro da bolha imobiliária americana começou em julho. Se de lá para cá a atividade econômica mundial estivesse ameaçada por um forte mergulho, como tantos repetem diariamente, um dos primeiros efeitos seria a derrubada dos preços das matérias-primas e dos alimentos.
Ninguém amontoaria estoques se não contasse com aumento da demanda. E, enquanto a demanda de metais e alimentos se mantiver aquecida, a aposta firme na recessão global é temerária. É jogar dinheiro fora.
Isso significa que a tese de que as economias emergentes estão se descolando das economias ricas tem, sim, fundamento. O setor produtivo dos Estados Unidos pode estar em desaceleração e algo parecido pode estar acontecendo também na Europa e no Japão. Mas os emergentes continuam compensando em parte esse recuo. O único segmento onde não há descolamento é o do mercado financeiro, porque a derrubada dos preços dos títulos e das ações em Nova York não pode ser evitada nem em São Paulo nem em Cingapura.
Como o Brasil é um fornecedor cada vez mais importante de matérias-primas e de alimentos para as economias emergentes, não dá para apostar em que a eventual recessão americana (que provavelmente será branda) derrubará a atividade econômica brasileira.
Prevalece ainda por aqui a mentalidade distorcida de que exportar commodities é uma atividade econômica sempre desvantajosa para os interesses do País. Esse ponto de vista ficou consagrado na metade do século passado a partir das teses do economista argentino Raúl Prebisch, segundo as quais o subdesenvolvimento tinha como uma de suas causas as trocas comerciais desiguais. Os países pobres mourejavam na produção de matérias-primas subvalorizadas e os ricos dedicavam-se às mercadorias de maior valor agregado.
Naqueles tempos, esta já era uma idéia merecedora de reparos porque o maior produtor de alimentos e de minerais eram os Estados Unidos, o país rico que estava tirando proveito do jogo comercial assimétrico.
Mas muita coisa mudou e hoje se valorizam mais alimentos, petróleo e metais do que as engenhocas que os ricos já não fazem tanta questão de exportar. Se fabricar e vender produtos de baixo valor agregado fosse mau negócio, maiorais do capital como Warren Buffett, George Soros e Bill Gates não estariam despejando dinheiro na produção de artigos primários, no Brasil e em outras partes.
Não se trata apenas de comprovar que a economia brasileira está mais resistente a crises externas. Trata-se de compreender a nova repartição global de funções e de ajustar o setor produtivo ao fato de que o Brasil está fadado a ser um grande exportador de matérias-primas, alimentos e também de energia.
O que acontece no mercado de commodities não guarda proporção com o que tanta gente espera da economia. Se o setor produtivo mundial acreditasse na tese da recessão inevitável, os preços desses produtos não estariam subindo como estão.
O gráfico ao lado diz muita coisa. O estouro da bolha imobiliária americana começou em julho. Se de lá para cá a atividade econômica mundial estivesse ameaçada por um forte mergulho, como tantos repetem diariamente, um dos primeiros efeitos seria a derrubada dos preços das matérias-primas e dos alimentos.
Ninguém amontoaria estoques se não contasse com aumento da demanda. E, enquanto a demanda de metais e alimentos se mantiver aquecida, a aposta firme na recessão global é temerária. É jogar dinheiro fora.
Isso significa que a tese de que as economias emergentes estão se descolando das economias ricas tem, sim, fundamento. O setor produtivo dos Estados Unidos pode estar em desaceleração e algo parecido pode estar acontecendo também na Europa e no Japão. Mas os emergentes continuam compensando em parte esse recuo. O único segmento onde não há descolamento é o do mercado financeiro, porque a derrubada dos preços dos títulos e das ações em Nova York não pode ser evitada nem em São Paulo nem em Cingapura.
Como o Brasil é um fornecedor cada vez mais importante de matérias-primas e de alimentos para as economias emergentes, não dá para apostar em que a eventual recessão americana (que provavelmente será branda) derrubará a atividade econômica brasileira.
Prevalece ainda por aqui a mentalidade distorcida de que exportar commodities é uma atividade econômica sempre desvantajosa para os interesses do País. Esse ponto de vista ficou consagrado na metade do século passado a partir das teses do economista argentino Raúl Prebisch, segundo as quais o subdesenvolvimento tinha como uma de suas causas as trocas comerciais desiguais. Os países pobres mourejavam na produção de matérias-primas subvalorizadas e os ricos dedicavam-se às mercadorias de maior valor agregado.
Naqueles tempos, esta já era uma idéia merecedora de reparos porque o maior produtor de alimentos e de minerais eram os Estados Unidos, o país rico que estava tirando proveito do jogo comercial assimétrico.
Mas muita coisa mudou e hoje se valorizam mais alimentos, petróleo e metais do que as engenhocas que os ricos já não fazem tanta questão de exportar. Se fabricar e vender produtos de baixo valor agregado fosse mau negócio, maiorais do capital como Warren Buffett, George Soros e Bill Gates não estariam despejando dinheiro na produção de artigos primários, no Brasil e em outras partes.
Não se trata apenas de comprovar que a economia brasileira está mais resistente a crises externas. Trata-se de compreender a nova repartição global de funções e de ajustar o setor produtivo ao fato de que o Brasil está fadado a ser um grande exportador de matérias-primas, alimentos e também de energia.