O Estado de S. Paulo |
14/2/2008 |
Ontem, duas informações econômicas, uma aqui e outra no exterior, contrariaram as expectativas gerais formadas em tempos carregados de pessimismo. Mostraram que, por pior que ameacem ser, os problemas podem não ser tão graves quanto tanta gente imaginava. Uma das informações foi o tamanho da inflação de janeiro. A maioria dos observadores dava como certo um avanço mais forte dos preços com base na alta dos alimentos, que começou em outubro. Mas o número que saiu dos levantamentos do IBGE acusou uma inflação de 0,54%, já significativamente menor do que o 0,74% apontado em dezembro. Como pode ser conferido no gráfico ao lado, em janeiro a inflação em 12 meses ficou em 4,56%, alguma coisa acima da meta fixada pelo governo, de 4,5% neste ano. Ainda que uma inflação mais alta do que a perseguida pelo Banco Central seja algo que não se via desde abril de 2006, não se pode ainda concluir que esteja em curso uma inflação de demanda, que se caracteriza pelo consumo mais alto do que a capacidade da economia de supri-lo. Ao contrário, a desaceleração apontada em janeiro mostra que a inflação volta a seu leito normal. Na terça-feira, outro medidor de inflação, a primeira prévia do IGP-M, levantado pela Fundação Getúlio Vargas, já havia antecipado um recuo dos preços dos alimentos de 0,03%, concentrado no segmento atacadista do mercado, que tende agora a transferir-se também ao varejo. Isso parece afastar os temores de que a inflação brasileira esteja saindo do seu leito, como pareceram apontar as avaliações do Banco Central divulgadas na última Ata do Copom. Outra informação que contrariou as expectativas foi divulgada ontem pelo Departamento do Comércio americano, que registrou em janeiro um avanço de 0,3% nas vendas do comércio varejista. Esse dado contraria cabeças iluminadas que advertiam há pelo menos seis semanas que a economia americana já está em recessão. Se há aumento do consumo, ainda que modesto, não se pode dizer que há recessão em curso. (Veja o Confira.) De todo modo, esse novo fato estatístico ajuda a afastar a idéia de que o pior é inevitável, seja o que isso signifique. Os bancos centrais estão fazendo sua parte (provavelmente até demais), o presidente Bush acaba de sancionar o pacote de incentivos tributários de US$ 167 bilhões para estimular o consumo e os bancos chamuscados tratam de reforçar seu capital. Até o multibilionário Warren Buffett se prontificou a fazer o resseguro de três das maiores seguradoras de crédito, cuja saúde o mercado imaginava estar ameaçada. Isso não é suficiente para permitir a conclusão de que a crise esteja sendo revertida. Mostra apenas que alguns elementos parecem demonstrar que ainda não se confirmou na economia real americana e do mundo o avanço inexorável para o precipício tão temido. Nas últimas semanas, vêm aparecendo análises na imprensa mundial que se empenham em mostrar que a Grande Depressão dos anos 30 não se repetirá agora. Como se vê, na falta de elementos para avaliar corretamente o tamanho do problema, as pessoas tendem a comparar o que está ocorrendo com o que de pior ficou na memória coletiva. Confira Qualidade dos números - Mais do que frieza, as estatísticas sobre o consumo americano revelam coisas importantes. Veículos e combustíveis estão entre os produtos cuja compra o consumidor tende a adiar em tempos de incerteza. E, no entanto, eles estão entre os de maior demanda: + 0,6% e + 2,0%, respectivamente. O consumo pesa 70% no PIB americano. Para que a economia esteja em recessão será preciso que outros itens da demanda (como investimentos e comércio exterior) tenham comportamento fortemente negativo, o que parece improvável. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, fevereiro 14, 2008
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