Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, abril 06, 2005
Jornal O Globo - Miriam Leitão:No meio do salto
Todos os bancos estão refazendo, semana após semana, as previsões do saldo comercial deste ano. No começo de 2005, as previsões eram de US$ 26 bilhões. Hoje, quem está com previsão de US$ 30 bilhões já avisou que está revendo para cima o número. A exportação aumenta em volume e em valor, apesar do estrangulamento logístico e da desvalorização do dólar.
O Bradesco informou no seu Boletim Diário que, assim que sair o volume de exportações, o chamado quantum de exportação , de março, deverá comunicar a mudança de previsão do saldo de US$ 30,4 bilhões para acima de US$ 34 bilhões.
Em março, a média diária das exportações foi 22% maior que no mesmo mês de 2004. No primeiro trimestre, o país vendeu US$ 5 bilhões a mais que no ano passado. São vendas principalmente de manufaturados e semimanufaturados. Ainda não entrou na conta o novo preço do minério de ferro, 71% acima da cotação de 2004 e que só começa a favorecer a balança comercial a partir deste mês de abril. E nem começou a ser exportada a soja.
No ano passado, as vendas para os Estados Unidos aumentaram muito pouco. Neste primeiro trimestre, as exportações para lá cresceram 32,6%. Os números de comércio exterior são todos extraordinariamente positivos. Nestes primeiros três meses, 77,9% do aumento das vendas são de produtos manufaturados. Ao todo, esses produtos representaram 58,3% de tudo o que o país exportou no período.
Houve aumento de importação também e, além disso, elevação do preço de itens importados, como o petróleo. Para se ter uma idéia: as compras de combustíveis e lubrificantes no primeiro trimestre aumentaram 35%; de bens de capital, 25,9% e de bens de consumo, 17,2%. No primeiro item, pesou o aumento do preço, o segundo item é indício de mais investimentos. Apesar do aumento de compras, as vendas foram ainda mais dinâmicas e o superávit aumentou.
Tudo isso embute um grande risco à frente: o de exportar e não poder entregar. Mais exportação e mais importação num contexto de piora do estado de estradas e portos faz supor que o país pode ir mais rapidamente para o colapso logístico.
— Nos anos 70, o Brasil investia 1,8% do PIB na infra-estrutura de transporte. Depois, caiu para 1%. A Constituição acabou com o recurso vinculado e os investimentos foram para 0,3% ao ano e, no governo Lula, para 0,1% — alertou o professor Paulo Fleury, da Coppead.
O vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, acha que esse quadro pode ser substancialmente mudado com as parcerias público privadas. Elas não estão com a regulamentação inteiramente pronta, mas o banco já tem recursos disponíveis para investir em alguns projetos considerados essenciais.
O governo Lula tentou, com as PPPs, encontrar caminho alternativo às concessões das estradas, mas perdeu tempo demais. O projeto só foi enviado ao Congresso em novembro de 2003 e não há até hoje qualquer PPP aprovada. Ao mesmo tempo, o governo não tem feito quase nenhum investimento público na área.
— Em infra-estrutura, muitos investimentos têm que ser públicos mesmo e a estes o BNDES tem limitações para emprestar — diz Fiocca.
Os problemas têm se agravado pela combinação de baixo investimento e aumento da demanda por transporte, mas, na opinião do professor Fleury, pouca gente no governo tem visão mais desenvolvida do que seja logística:
— A área de logística como visão integrada é uma idéia muito nova no país. Os órgãos públicos não estão preparados para isso. Há um engargalamento constante e contínuo. O grande problema que o Brasil enfrenta hoje é de credibilidade internacional. Vendemos e não entregamos no momento exato. Exportadores estão mandando peças pesadas por avião para cumprir a palavra.
Se as estradas estão se transformando em barreira ao comércio, os portos têm sido um gargalo ainda pior.
— O porto é um sistema de transporte que se divide em três partes: acesso por via marítima; acesso terrestre; operação interna. O Brasil privatizou o meio, a operação interna, mas manteve como estatal o acesso ao porto, por via marítima através das companhias Docas e as estradas. Sem dragagem adequada, com o aumento do tamanho dos navios e os problemas nas estradas, fica-se na seguinte situação: o caminhão não consegue chegar ao porto, o navio não consegue atracar. O problema é muito sério e afeta a confiabilidade do exportador brasileiro — diz Fleury.
Fiocca acha que a situação foi herdada pelo atual governo:
— Os investimentos estão baixos há 20 anos. O desafio de logística resulta, em parte, de um sucesso, que é a explosão das exportações. Setores de grande volume, soja, minério, têm aumentado as vendas. E o BNDES está investindo. Em 2004, os desembolsos de empréstimos já aprovados para infra-estrutura foram de R$ 7 bilhões. Há projetos que estão bem amadurecidos quando chegam e são aprovados muito rapidamente. Se algum projeto de PPP chegar bem redondo, o investimento pode ser aprovado em pouco tempo.
Fleury lembra que os projetos são de longa duração e que acabam sendo inviabilizados pelo custo de capital. Fiocca diz que, no segundo semestre, o BNDES deve aprovar as primeiras PPPs. Mesmo se saírem, vão demorar a produzir resultados. E o comércio internacional não pode esperar.
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