Em 28 de fevereiro, as reservas internacionais atingiram US$ 191,5 bilhões, quantia superior à dívida externa privada e pública. Mas essas reservas têm um custo elevado, pois a redução da dívida externa se traduz em aumento da dívida interna, cujo custo é maior.
De fato, no ano passado o BC comprou US$ 78,59 bilhões, que representaram uma injeção de R$ 155,3 bilhões na economia. Isso obrigou o BC a vender títulos da dívida interna para evitar que o aumento da base monetária favorecesse uma grande inflação. Paralelamente, o BC aplica as reservas em títulos da dívida norte-americana que, com a crise das hipotecas, rendem cada vez menos. A diferença entre a taxa de aplicação e o custo da dívida interna é hoje da ordem de 8%, devendo acrescentar-se, à diferença de taxas, os efeitos da valorização cambial. Com isso, calcula-se que a perda com as reservas, no ano passado, foi da ordem de R$ 50 bilhões. Entende-se, portanto, que alguns economistas considerem que já é hora de parar de comprar divisas.
No entanto, a questão é mais complexa. As reservas permitem enfrentar a possibilidade de uma interrupção súbita dos fluxos de capitais e de um déficit em conta corrente no balanço de pagamentos. Elas permitem, além disso, reduzir o custo de captação de empréstimos externos e a percepção do "risco país". Finalmente, oferecem ao BC um meio de controlar a taxa cambial na hipótese de uma eventual desvalorização cambial anormal.
Hoje essas compras de divisas pelo BC não estão impedindo a valorização da moeda nacional e se verifica que, em seguida a cada compra do BC, a taxa cambial volta a crescer: é difícil prever qual seria o efeito da ausência do BC no mercado cambial. De qualquer forma, já se está verificando que a intervenção do BC está se reduzindo. Diante do custo elevado dessa intervenção, talvez a solução seja apenas moderar as compras, sem deixar de realizá-las, reduzir a Selic, o que diminuiria as operações de arbitragem, e estudar uma melhor aplicação de nossas reservas.