O ministro José Gomes Temporão, da Saúde, deixou os bons modos de lado e disse que a prefeitura do Rio sabia há muito tempo do risco de um recrudescimento da epidemia de dengue. "Não faltou aviso", acusou.
O que Temporão não disse dessa vez: que a prefeitura foi alertada por ele mesmo em outubro último. O que Temporão jamais dirá: por que ele não fez à epoca o maior barulho diante da insensibilidade da prefeitura?
Poderia ter feito barulho em novembro - não fez. Em dezembro - não fez. Poderia ter feito em janeiro, 90 dias depois do primeiro aviso - também não fez.
O governo do Rio de Janeiro foi avisado por Temporão na mesma data em que ele avisou a prefeitura. E o que fez o governo? E por que Temporão não acusa também o governo de ter sido omisso?
Talvez porque, nesse, caso Temporão não queira trombar com o governador que o indicou para o cargo. Na verdade, Sérgio Cabral apenas avalizou a indicação que foi feita por Lula. Fê-lo a pedido de Lula.
Não há inocentes nesta história. E todas as providências que agora estão sendo anunciadas para combater a tragédia mais do que previsível poderiam ter sido adotadas há muito mais tempo.