Entrevista:O Estado inteligente

sábado, março 29, 2008

Aeroportos tentam amenizar o tormento da espera

Para aliviar o tormento

Para conquistarem a fidelidade dos viajantes – e lucrarem com isso –, aeroportos oferecem confortos antes só encontrados em hotéis


Paula Neiva

Koichi Kamoshida/Getty Images

Aeroporto de Nagóia, no Japão
Piscina com hidromassagem com vista para os pousos e decolagens


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Imagens do aeroporto de Pequim

A queda progressiva do preço das passagens aéreas faz com que cada vez mais gente ande de avião. Desde 2001, o movimento nos aeroportos do mundo cresceu, em média, 7% ao ano. Em proporção equivalente, aumentou o desconforto dos passageiros, com aeroportos lotados e esperas demoradas por conexões. Para minorar o tormento dos viajantes, muitos dos grandes aeroportos construídos ou reformados mais recentemente incluem uma oferta inédita de serviços, que normalmente só se encontram em hotéis. Entre as novas atrações estão cinema grátis, piscina com água quente, salão de massagem e até campo de golfe. Além de agradar aos passageiros, esses mimos também significam lucro extra para os aeroportos, que ganham de duas maneiras. Primeiro, porque o passageiro tranqüilo e relaxado tende a consumir mais nas lojas e restaurantes dos terminais. "Nossas pesquisas mostram que, quando o aeroporto é agradável, o viajante gasta mais", diz o inglês Craig Bradbrook, diretor do Airports Council International, entidade sediada na Suíça.

O segundo motivo pelo qual os aeroportos com oferta caprichada de serviços lucram mais é o aumento no número de passageiros em conexão que transitam por eles. Em muitas rotas internacionais longas, como entre os Estados Unidos e os países asiáticos, os passageiros têm várias opções de aeroporto para fazer conexão. Evidentemente, eles escolhem os mais confortáveis e com melhores alternativas de lazer. Mais conexões significam mais taxas nos cofres do aeroporto. Dois terços dos viajantes que passam diariamente pelo Aeroporto de Dallas, nos Estados Unidos, estão em trânsito para outras cidades. Para garantir o sossego deles, o aeroporto tem uma linha interna de trem que conecta os dois pontos mais distantes dos terminais em apenas nove minutos. "Os grandes aeroportos da Ásia, principalmente, por serem bem próximos entre si, concorrem muito pelos passageiros em conexão", disse a VEJA Peter Miller, diretor da Skytrax, consultoria inglesa que avalia aeroportos e companhias aéreas. Os especialistas do setor aéreo dizem que, no novo cenário da aviação, o bom serviço nos terminais não é apenas uma questão de respeito ao passageiro, mas uma estratégia indispensável para o sucesso do aeroporto como negócio.

Jung Yeon-Je/AFP

Aeroporto de Incheon, na Coréia do Sul
Campo de golfe próximo ao portão de embarque

A mais recente pesquisa do Airports Council International sobre os melhores aeroportos do mundo, divulgada em fevereiro, mostra que os cinco primeiros lugares são ocupados justamente pelos que mais investiram recentemente em serviços para os passageiros. Todos ficam na Ásia. Pelo terceiro ano consecutivo, o campeão foi o Aeroporto de Incheon, cidade próxima a Seul, na Coréia do Sul. A seguir vêm aeroportos na Malásia, Cingapura, Hong Kong e Japão. Incheon oferece espaço de recreação infantil com monitores, massagistas em salas privativas e duchas para banhos rápidos. Passageiros que esperam muito tempo por um vôo de conexão podem jogar golfe num campo localizado a poucos minutos do portão de embarque ou fazer uma visita guiada pela cidade. O Aeroporto de Cingapura oferece salas de cinema com ingresso gratuito. Antes de embarcar em Nagóia, no Japão, é possível submeter-se a uma sessão de massagem seguida por um banho quente numa piscina de mármore com hidromassagem que lembra as termas romanas, só que com vista para uma movimentada pista de pousos e decolagens. Em Hong Kong, pode-se fazer o check-in e despachar a bagagem antes de entrar no trem-bala que leva ao aeroporto.

Com a inauguração em fevereiro de um novo terminal com 1,3 milhão de metros quadrados, erguido ao custo de 4 bilhões de dólares, o Aeroporto de Pequim se tornou o maior do mundo. O projeto faz parte da preparação do país para a Olimpíada, em agosto, e segue o espírito monumental dos ginásios e estádios que abrigarão os Jogos. O aeroporto põe à disposição serviços antes exclusivos nas salas vip das companhias aéreas, como escritórios – os chamados business centers – e vestiários. Apenas o novo terminal abriga mais de sessenta restaurantes, que servem todo tipo imaginável de comida. Nem sempre grandes reformas garantem o conforto dos passageiros. O Aeroporto de Heathrow, em Londres, inaugurou há pouco um terminal luxuoso, mas ainda ocupa o posto de recordista europeu em atrasos nas decolagens. No ranking mundial, porém, Heathrow figura atrás de um aeroporto bem conhecido dos brasileiros – o de Brasília, campeão absoluto dos vôos atrasados.

Cartão de embarque sem papel

Michael Stravato/The New York Times
Scanner lê o código de barras no celular do passageiro: mais segurança

O telefone celular e o computador de mão dos passageiros que embarcam no aeroporto de Houston, nos Estados Unidos, ganharam uma nova função: a de cartão de embarque. No fim do ano passado, a Continental Airlines começou a testar um programa piloto que envia ao cliente uma mensagem com um código de barras em substituição ao cartão impresso. Dessa forma, elimina-se o papel. Quando o passageiro se apresenta no portão de embarque, o funcionário do aeroporto lê a mensagem exibida no aparelho com a ajuda de um scanner especial. O código de barras é bidimensional, mais seguro do que aquele usado nos cartões de embarque convencionais. "Essa inovação tem tudo para ser um sucesso no mundo inteiro, como já é o check-in feito pela internet", diz o consultor paulista André Castellini, do setor de aviação.



Fotos Tony Gutierrez/AP/Dave Einsel/Getty Images/AFP/Divulgação

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