Entrevista:O Estado inteligente

sábado, março 29, 2008

Nelson Motta AMIGO É PARA ESSAS COISAS

Folha
A tolerância, a lealdade e a compaixão estão entre as mais nobres virtudes humanas. Aceitar e perdoar os erros dos amigos, ser solidário com os que caem, compreender as fraquezas alheias, são atitudes que engrandecem a existência e contribuem para tornar a vida menos dura, pela aceitação das diferenças e da precariedade da condição humana.

Um amigo pode ser solidário com quem cometeu um crime. Pode e deve ajudá-lo a se levantar. Um presidente da República jamais. Com a autoridade e a credibilidade do cargo, não pode aceitar, justificar ou apoiar nenhuma forma de crime e de desrespeito à lei e ao Estado de Direito.

Esbravejando num palanque, o presidente parecia um líder sindical se solidarizando com o companheiro demitido pelos patrões gananciosos e cruéis. Mas falava de Severino Cavalcanti.

Foi o próprio Lula quem disse há uma semana: "o presidente não pode mentir". Mas disse várias mentiras sobre Severino. O rei do baixo clero não foi eleito pela oposição, mas, principalmente, pela base aliada, que, dividida entre dois candidatos inviáveis, abriu caminho para sua improvável vitória.

Severino também não foi derrubado pela oposição, nem pelas elites. Caiu sozinho, de podre, ao ser provado publicamente que recebia um mensalinho do dono do restaurante da Câmara.

As elites de São Paulo, que convidavam Severino a dar palestras ( pagas?) toda semana, agora nem o cumprimentavam, acusou Lula, indignado. Pobre Severino, usado e abusado pelas elites paulistas, certamente porque era nordestino.

Lula poderia ser mais amigo ainda e nomear um deputado do PR de Pernambuco para uma bocada federal ou estatal, abrindo vaga para o suplente Severino voltar triunfalmente à Câmara que tanto aviltou.

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