Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 26, 2008

PSDB se esforça para perder a sucessão de Lula

BLOG NOBLAT

Ave, Geraldo Alckmin! Pela segunda vez, a ferro e a fogo, ele impôs sua vontade à direção nacional do PSDB. Sairá candidato a prefeito de São Paulo nas eleições de outubro próximo - assim como antes, em 2006, saiu candidato a presidente da República.

Daquela vez, a direção preferia José Serra, prefeito e ex-ministro da Saúde do governo de Fernando Henrique Cardoso. Desta, preferia apoiar a reeleição de Gilberto Kassab (DEM), vice de Serra que assumiu a prefeitura no lugar dele.

O senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, apresenta como acordo o que não passa de mais uma rendição do comando do partido diante da disposição irremovível de Alckmin de ser candidato. O que diz Guerra para disfarçar?

Que a turma de Serra se comprometeu em não defender durante a convenção do partido a candidatura de Kassab. Ela seria uma garantia da reafirmação da aliança entre o PSDB e o DEM. Em troca, os partidários de Alckmin deixarão de pressionar a direção do partido em favor dele.

Ora, para que os partidários de Alckmin precisarão mais pressionar ninguém se o apoio a Kassab foi descartado pela turma de Serra? Que acordo é esse? Não houve acordo. A turma de Serra foi simplesmente derrotada. Serra foi derrotado outra vez por Alckmin.

O PSDB deve ser o único partido no mundo capaz de desprezar como candidato a presidente da República seu nome mais forte. Serra era esse nome em 2006. Chegou a empatar com Lula em pesquisas de intenção de voto. O PSDB foi de Alckmin, que ameaçou negar seu apoio a Serra.

E o que aconteceu com Alckmin? Fez péssima campanha no primeiro turno. Passou para o segundo devido ao escândalo dos aloprados (a tentativa do PT de comprar um dossiê fajuto contra ele e Serra) e ao erro de Lula de faltar ao debate entre candidatos promovidos pela TV Globo.

No segundo turno foi o que se viu: Alckmin teve menos votos do que no primeiro. Uma proeza. Jamais realizada por outro candidato na história deste país - salvo um em Belo Horizonte. Agora Alckmin terá para frente o desafio de fazer uma campanha sui generis para prefeito.

Não poderá se oferecer ao eleitorado como candidato da situação - tal candidato é Kassab, cria política de Serra, que prometerá dar continuidade à sua própria administração. Alckmin também não poderá posar de candidato da oposição. Esse candidato será Marta Suplicy, do PT.

Serra passou por situação parecida quando enfrentou Lula em 2002. Acabara de deixar o ministério da Saúde depois de ter sido ministro do Planejamento. Era, portanto, um candidato do governo desgastado de Fernando Henrique Cardoso.

Mas justamente por isso, Serra não poderia colar a sua na imagem do governo. Todas as pesquisas encomendadas por seu comitê de campanha atestavam que seria um desastre para ele se identificar com o governo. Candidato de oposição era Lula - pronto, acabou.

Então Serra passou a campanha fazendo de conta que não era candidato do governo. Mas que também não era um candidato inteiramente de oposição. Era, digamos, um candidato híbrido. Tipo escola de samba Salgueiro: nem o melhor, nem o pior. Diferente.

Perdeu, é claro. E por pouco escapou de ficar de fora do segundo turno.

O PT celebra o fato de o PSDB e o DEM concorrerem à prefeitura de São Paulo com dois candidatos que disputarão os mesmos eleitores. Marta tem os delas. Campanha acirra ânimos e provoca feridas. A união de Alckmin e de Kassab não é garantia de derrota de Marta no segundo turno.

É espantoso o esforço desesperado do PSDB para perder a eleição presidencial de 2010.

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