O consumo interno, base do crescimento da economia no ano passado, está se tornando causa de preocupações. O governo pretende dar um freio de arrumação na expansão do crédito ao consumidor, identificado como o grande propulsor da demanda das famílias, que está crescendo a um ritmo insustentável de 7% ao ano. Estamos com a sinalização de crescimento do PIB de 6% para este ano, e já há indícios de pressão inflacionária. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai se reunir com diretores de bancos e financeiras na próxima semana, provavelmente na terça-feira, para conversar sobre a necessidade de reduzir os prazos de financiamento do crediário para pessoas físicas.
Em vez de um aumento na taxa de juros, sinalizado pela última ata do Copom diante da previsão de aumento da inflação que se confirmou esta semana com os números do IGPM, o Ministério da Fazenda vai tentar restringir suas ações ao crédito, aumentando as exigências dos bancos para os financiamentos muito longos, para inviabilizá-los economicamente a partir de um determinado limite, que pode ser de 36 meses.
O ministro Guido Mantega já conversou com a diretoria da Ford, que lançou financiamento em 72 meses, sendo a primeira parcela com 90 dias de carência para pagamento.
O governo teme uma “bolha automobilística”, caracterizada pelo financiamento sem garantias e por um prazo tão longo que, ao fim dele, o bem financiado já terá perdido todo o seu valor.
Com a restrição ao crédito, a idéia do governo é incentivar as exportações de automóveis, cuja produção está totalmente comprometida com o abastecimento do mercado interno. Políticas industriais de incentivo à exportação de manufaturados, especialmente avião e automóveis, serão anunciadas dentro de quinze dias pelo Ministério do Desenvolvimento.
O ministro Guido Mantega acha que uma repetição do crescimento do ano passado, em torno de 5% do PIB, é factível no atual estado da economia brasileira, mas não quer permitir um crescimento mais acelerado para não ter que “puxar o freio de mão” repentinamente por causa da inflação, ou pela falta de capacidade da indústria de atender à demanda crescente, estimulada pela política de crédito.
O governo mantém também a intenção de cortar R$ 20 bilhões do orçamento nos Três Poderes, e está preocupado com o aumento do funcionalismo público.
Mesmo esse crescimento em torno de 5%, que Mantega entende ser o PIB potencial da nossa economia, é discutível.
Equipe do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV do Rio, chefiada pelo economista Luiz Guilherme Schymura, fez simulações do PIB potencial futuro que apontam, mesmo no cenário mais conservador, um crescimento potencial até 2015 mais próximo de 4%.
No cenário otimista, o PIB potencial transita de 4,5% a 5,5% entre 2008 e 2015. Mas, nesse cenário otimista não estava prevista, por exemplo, a crise financeira dos Estados Unidos, que poderá afetar nosso ritmo de crescimento.
O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) feito no início do ano, para compensar a derrubada da CPMF, continha já uma tentativa de frear o consumo. Não foi por outra razão que a alíquota do IOF nas operações de crédito das pessoas físicas dobrou, um aumento de 1,5% para 3% ao ano.
O crédito que mais cresce é o destinado às pessoas físicas, que aproveitam a ampliação do prazo dos financiamentos para comprar bens de consumo duráveis.
O total das operações de crédito do sistema financeiro chegou muito perto de R$ 1 trilhão no fim de dezembro de 2007, aumento de 160% em relação a dezembro de 2002.
As medidas não foram suficientes, no entanto, e uma nova rodada de intervenções será feita para tentar reduzir a oferta de crédito sem a utilização do aumento dos juros, uma medida politicamente indesejada pelo governo.
Aumentar os juros ainda é um tabu nesse governo Lula, ainda mais agora que eles voltaram a ser os maiores do mundo em termos reais.
Além do mais, com o corte da taxa de juros nos Estados Unidos, aumentou o diferencial entre as duas taxas, o que por si só já representa um atrativo para os recursos externos, que estão chegando ao país abundantemente nesses tempos de crise.
A política de redução dos juros estava trazendo também uma perspectiva muito forte de que, ao final do governo Lula, já seja possível ter superávit nominal.
Pela primeira vez o país teve em janeiro superávit nominal, isto é, pagou todas as dívidas e também os juros, o que dificulta politicamente a posição do Banco Central de elevar os juros.
A relação dívida/PIB está em 42% hoje, e o objetivo político do Ministério da Fazenda é, mantendo um superávit primário de 4% do PIB e com a redução dos juros, chegar ao superávit nominal em 2010.
O ministro Guido Mantega trabalha com a hipótese de que a crise dos Estados Unidos nos afetará apenas indiretamente, como na queda dos preços das commodities. Mas essa redução seria reajustada pela valorização do Real, o que incentivará as exportações e reduzirá as importações.
O crescimento da China, da Índia e da Rússia, mesmo declinante, deverá ficar em torno de 7% na média no ano. Esses países, que representam 40% da população mundial, estão numa linha de renda per capita ainda muito baixa, com as pessoas mudando o hábito alimentar, começando a comer carne, por exemplo.
Os Estados Unidos já são um país que come muito, portanto a demanda por comida no mundo vai continuar crescendo, e a elasticidade de renda nesses países é grande.
Portanto, as exportações brasileiras continuarão fortes.
A pressão inflacionária, segundo Mantega, tem também um forte componente dos preços agrícolas, a chamada “agrinflação”.
Sem eles, o núcleo da inflação está estável, garante o ministro da Fazenda.
Entrevista:O Estado inteligente
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