O Brasil, ou melhor, ‘estepaís’ do Lula, quer se metamorfosear em líder continental, talvez mundial. São projetos bastante extravagantes. Muito de vez em quando, pois o presidente parece crer que o povo não merece ser esclarecido, sempre de passagem e com algumas dezenas de repórteres e fotógrafos à sua volta, ele generosamente esparge gotas de seu pensamento político.
Só assim, sempre apressado, como bom patriota que é, ele acena que vai tudo muito bem, que nosso querido Brasil nunca esteve melhor, que breve isso ou aquilo irá acontecer; desse modo ficamos sabendo que logo seremos uma potência, como nunca jamais em tempo algum foi vista.
Seja a Rodada de Doha, sejam os joelhos do mundo dobrados diante de nós em Davos, apud Lula, o Brasil extasia a todos. Sonha tão alto que deixou o Ministro da Defesa partir para a reunião da OEA para lá defender a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa – Casa.
Nas palavras do Ministro Jobim, segundo li no site da Agência Brasil (a que fala pela boca de um anjo...), a Casa vai servir para:
“Vamos conduzir, exclusivamente, questões de defesa”, disse Jobim. “Não se pretende criar uma Otan do Sul. Queremos integrar problemas de defesa em uma política sul-americana”, ressaltou.
Continuando, disse o ministro, “o conselho deverá tratar de questões militares dos países sul-americanos e prevenir situações como a invasão do território equatoriano pela Colômbia, mas sem interferir nas relações diplomáticas”.
Sei não... Mas a mim pareceu implicância com a Colômbia e com dona Condoleezza. A Colômbia invadiu um país que abrigava seus maiores inimigos! Eu gostava de saber se o caso fosse com o Brasil, se tivéssemos um bando de terroristas com reféns brasileiros ao pé de nossa fronteira, mas já em outro país, qual seria a posição do presidente Lula...
Dona Condoleezza esteve aqui há poucos dias e fez questão de dizer que: "Os esforços da OEA nas últimas semanas foram importantes e precisam ser seguidos. É tempo de olhar para isso regionalmente e ver como assegurar que a segurança alcance todas as fronteiras. Os Estados Unidos serão parceiros nisso".
Já vi que vou ler que estou de marcação com o governo Lula... Mas leiam com atenção, se puderem fazer esse favor. O Ministro Jobim fala em “problemas de defesa em uma política sul-americana”. Isso excluiu, ou não exclui, o país da dona Condoleezza? Que mui gentilmente ofereceu a parceria dos Estados Unidos na segurança de todas as fronteiras?
Espertinhos eles, não? Ele, do alto de seus quase dois metros, botando os EUA para escanteio. Ela, pequenina, franzina, sem nenhuma segunda intenção, claro, oferecendo os préstimos dos EUA.
Algum dos dois por acaso mencionou como condição “sine qua nada” a libertação dos 700 infelizes em mãos dos terroristas? Não. Ela por achar, com certeza, que não seria diplomático falar nisso, nesse detalhe. E ele porque o Brasil, segundo o ministro Amorim, não considera as FARC um grupo terrorista, nem um bando de foras da lei. É de ressaltar que a ministra americana, por via das dúvidas, amarrou uma medida do Bonfim no pulso. Não sei se o ministro brasileiro tem a dele.
Afirmar que a Casa vai ser erguida ou não, seria uma temeridade da parte de qualquer um. Porém tenho para mim que vai ser uma construção muito difícil: terreno pantanoso, muitos obstáculos a serem vencidos. E tem mais: penso que a Casa não é do agrado nem da Venezuela, nem dos amigos do Chávez e, evidentemente, muito menos dos EUA, que dela seriam excluídos.
Numa de suas maravilhosas canções para crianças, Vinícius de Moraes fala numa casa sem portas e janelas, situada na Rua dos Bobos, número zero. Casa onde ninguém pode nem fazer pipi, pois não tem pinico, nem nada. Só se for essa...