Depois de um ano de negociações, a Saraiva compra
a Siciliano e se torna a maior rede livreira do Brasil
Jerônimo Teixeira
"A Saraiva ganha uma musculatura considerável na negociação com as editoras", diz Marcos Pereira, um dos proprietários da editora Sextante. Esse poder inspira alguma preocupação. "Há certa apreensão no mercado pelo volume de vendas por que o grupo passa a responder. Mas contamos com a sabedoria dos dirigentes para não mudar as regras já estabelecidas", diz o editor Paulo Rocco. Por outro lado, a compra da Siciliano também tranqüilizou os editores: espera-se que os pagamentos da livraria, que já há alguns anos eram erráticos, se normalizem. Construída por Oswaldo Siciliano a partir da livraria que seu pai, Pedro, abriu em São Paulo, em 1928, a rede Siciliano passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. Brigas familiares (um motivo clássico) perturbaram a administração da empresa, que também negligenciou mercados importantes – deixou, por exemplo, de vender CDs e DVDs, que aparecem ao lado dos livros em redes como Saraiva e Cultura. As dívidas da Siciliano vinham sendo pagas ou renegociadas desde o ano passado, mas os editores ainda se sentiam inseguros quando efetuavam transações com a livraria.
A Saraiva, daqui em diante, passa a contar com 99 lojas em treze estados e no Distrito Federal, penetrando em cinco estados onde antes não estava. Seis livrarias Siciliano se localizam em shopping centers onde também existem pontos da Saraiva – mas, como todas as lojas são rentáveis, a princípio nenhuma será fechada, segundo Marcílio Pousada. Além das livrarias, a Saraiva adquiriu os selos editoriais da antiga concorrente – Arx, ArxJovem, Futura e Caramelo. A grande dúvida é se a marca Siciliano continuará existindo. Pousada diz que essa decisão só será tomada daqui a alguns meses.
Fotos Bruno Fernandes/Folha Imagem e Ernesto Rodrigues