Alerta laranja
A economia americana levou ontem duas pauladas.
A primeira foi a informação de que em fevereiro houve forte perda de empregos: fechamento de 63 mil postos de trabalho, a maior queda mensal desde março de 2003. Nenhum analista havia previsto um número tão alto. A tabela mostra como se comportou esse indicador nos últimos 13 meses.
A segunda paulada foi a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de aumentar em 67% os empréstimos de emergência a serem leiloados em março aos bancos, para um total de US$ 100 bilhões.
O fechamento dos postos de trabalho nessas proporções acendeu o alerta laranja. Foi tomado como forte evidência de que a economia americana já mergulhou em recessão, ou seja, em ritmo de redução da atividade econômica.
E o inesperado e generoso despejo de recursos no mercado financeiro foi entendido como se o Fed estivesse atuando para evitar estrago ainda maior no crédito e no patrimônio dos bancos.
Mas é preciso analisar melhor esses dois fatos. O fechamento de tantos postos de trabalho é sem dúvida uma indicação de que as empresas estão reduzindo a velocidade de suas linhas de produção. É difícil saber se essa reação é conseqüência da quebra efetiva de encomendas ou se é apenas medida preventiva tomada pelas empresas depois de tanto bombardeio de que vem aí uma forte recessão de proporções desconhecidas. Pode ser, também, o resultado conjugado desses dois movimentos.
A decisão do Fed tem a mesma natureza de outras intervenções do gênero, que é a de desobstruir as veias do crédito atacadas pela trombose. Cresce o número de fundos e instituições em dificuldades para honrar compromissos ou para providenciar cobertura de margem nos mercados futuros porque os bancos se fecharam para empréstimos.
Eles também vêm fugindo de operações com outros bancos porque todo dia alguém divulga suspeita de novos rombos. O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, avisou no último dia 28 que alguns deles vão quebrar. Se é assim, emprestar dinheiro para banco ficou tão arriscado quanto "viver é perigoso" para Riobaldo, o herói de Guimarães Rosa.
Na prática, os empréstimos do Fed funcionam como operações de redesconto. São de prazo relativamente curto, garantidos por títulos ou contratos de financiamento. E vão a leilão só para evitar a impressão de que são recursos para instituições à beira da morte. A decisão de aumentá-los foi interpretada como última tentativa do Fed de normalizar o mercado. Se nos próximos dias a dose for insuficiente, é possível a convocação de nova reunião extraordinária para derrubar os juros antes da reunião agendada para o dia 18.
Nessa hora, o mercado financeiro perde a racionalidade e corre para liquidar posições, como ocorreu ontem. Muita gente foge para os refúgios de sempre, mas não fica à vontade porque eles estão pintados de verde e a saúde do dólar gera preocupação. Quanto maior a queda dos juros, maior é a chance de volta imediata ao risco e a novas rodadas de desvalorização do dólar. E quanto mais ele se desvaloriza, mais tendem a aumentar as cotações de ativos indexados ao dólar, como ouro, petróleo e commodities.
A primeira foi a informação de que em fevereiro houve forte perda de empregos: fechamento de 63 mil postos de trabalho, a maior queda mensal desde março de 2003. Nenhum analista havia previsto um número tão alto. A tabela mostra como se comportou esse indicador nos últimos 13 meses.
A segunda paulada foi a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de aumentar em 67% os empréstimos de emergência a serem leiloados em março aos bancos, para um total de US$ 100 bilhões.
O fechamento dos postos de trabalho nessas proporções acendeu o alerta laranja. Foi tomado como forte evidência de que a economia americana já mergulhou em recessão, ou seja, em ritmo de redução da atividade econômica.
E o inesperado e generoso despejo de recursos no mercado financeiro foi entendido como se o Fed estivesse atuando para evitar estrago ainda maior no crédito e no patrimônio dos bancos.
Mas é preciso analisar melhor esses dois fatos. O fechamento de tantos postos de trabalho é sem dúvida uma indicação de que as empresas estão reduzindo a velocidade de suas linhas de produção. É difícil saber se essa reação é conseqüência da quebra efetiva de encomendas ou se é apenas medida preventiva tomada pelas empresas depois de tanto bombardeio de que vem aí uma forte recessão de proporções desconhecidas. Pode ser, também, o resultado conjugado desses dois movimentos.
A decisão do Fed tem a mesma natureza de outras intervenções do gênero, que é a de desobstruir as veias do crédito atacadas pela trombose. Cresce o número de fundos e instituições em dificuldades para honrar compromissos ou para providenciar cobertura de margem nos mercados futuros porque os bancos se fecharam para empréstimos.
Eles também vêm fugindo de operações com outros bancos porque todo dia alguém divulga suspeita de novos rombos. O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, avisou no último dia 28 que alguns deles vão quebrar. Se é assim, emprestar dinheiro para banco ficou tão arriscado quanto "viver é perigoso" para Riobaldo, o herói de Guimarães Rosa.
Na prática, os empréstimos do Fed funcionam como operações de redesconto. São de prazo relativamente curto, garantidos por títulos ou contratos de financiamento. E vão a leilão só para evitar a impressão de que são recursos para instituições à beira da morte. A decisão de aumentá-los foi interpretada como última tentativa do Fed de normalizar o mercado. Se nos próximos dias a dose for insuficiente, é possível a convocação de nova reunião extraordinária para derrubar os juros antes da reunião agendada para o dia 18.
Nessa hora, o mercado financeiro perde a racionalidade e corre para liquidar posições, como ocorreu ontem. Muita gente foge para os refúgios de sempre, mas não fica à vontade porque eles estão pintados de verde e a saúde do dólar gera preocupação. Quanto maior a queda dos juros, maior é a chance de volta imediata ao risco e a novas rodadas de desvalorização do dólar. E quanto mais ele se desvaloriza, mais tendem a aumentar as cotações de ativos indexados ao dólar, como ouro, petróleo e commodities.