Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Tiro no pé

Depois de vários anos com baixo crescimento e insuficiente geração de empregos, a economia brasileira conseguiu em 2007 se expandir em ritmo próximo à média mundial.

E o resultado foi ainda mais animador porque a criação de empregos bateu recorde, com mais de 1,6 milhão de contratações com carteira assinada. Mesmo com um aumento significativo da população economicamente ativa — ou seja, pessoas que haviam desistido de procurar emprego voltaram ao mercado de trabalho — da ordem de 2%, houve redução dos índices de desemprego.

Nas seis maiores regiões metropolitanas, o índice apurado pelo IBGE caiu para a faixa de 7% em dezembro, o mais baixo da série estatística iniciada em 2002, com a adoção de uma nova metodologia. Na Grande São Paulo, segundo a Fundação Seade, a parcela de trabalhadores sem emprego formal caiu para 14% (índice que chegou a ultrapassar 19% há poucos anos).

Essa melhora nos níveis de emprego ocorreu em todos os segmentos da economia, inclusive na indústria de transformação e na construção civil, que vinham apresentando números negativos.

Os salários não aumentaram em igual proporção, pois o mercado ainda estava na fase de absorção de mão-de-obra. Ainda assim, os rendimentos dos trabalhadores praticamente encostaram nos valores de 1995, período áureo do Plano Real.

Tudo indica que esse processo de recuperação continuará se a economia brasileira conseguir sustentar taxas anuais de crescimento acima de 4%, e isso dependerá de ajustes macro e microeconômicos.

E deixar o mercado funcionar é o melhor caminho para que esses ajustes se concretizem.

Nesse sentido, é inoportuno que as centrais sindicais tenham decidido lançar agora uma campanha para redução da jornada de trabalho semanal, prevista na Constituição, de 44 para 40 horas. Será um tiro no pé. O exemplo a ser examinado é o da França, que, por pressão dos sindicatos, adotou a medida, e há tempos tenta voltar atrás, por ter perdido competitividade na Europa e no mundo.

É o que acontecerá com o Brasil, caso a proposta venha a ser aprovada no Congresso. Além disso, como há uma legislação trabalhista arcaica — um fardo pesado para o empregador —, reduzir a jornada mantendo-se os salários aumentará ainda mais os custos empresariais, fator de desestímulo à abertura de novos postos de trabalho. Ou seja, menos emprego.

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