Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, fevereiro 12, 2008

SP veta saques com cartão corporativo



Fausto Macedo
O Estado de S. Paulo
12/2/2008

Governador José Serra ordenou suspensão de saques de dinheiro por meio dos cartões corporativos. Em 2007, servidores gastaram R$ 108,38 milhões com cartões. Desse total, saques em dinheiro representaram R$ 48,3 milhões.

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), anunciou ontem que ordenou a suspensão dos saques em dinheiro por meio dos cartões do Estado. “Mandei suspender até para poder fazer um balanço”, declarou o governador na sede do Tribunal de Justiça, onde participou da cerimônia de abertura do Ano Judiciário.

Serra formou uma comissão especial para cuidar do assunto que impulsionou a oposição a pedir uma CPI na Assembléia Legislativa. A equipe será presidida pelo secretário de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, e terá a participação das Secretarias de Fazenda, Economia e Planejamento, Gestão Pública e da Casa Civil. “É para fazer uma reexame geral face a toda a controvérsia.”

Em 2007, servidores estaduais que portam cartões gastaram R$ 108,38 milhões. Desse montante, R$ 48,3 milhões (equivalentes a 44, 58%) saíram dos cofres públicos por meio de saques em dinheiro. São 55 mil estabelecimentos que aparecem na lista de fornecedores da administração. São cerca de 550 mil transações realizadas desde que os cartões foram adotados, no início de 2001, ainda no governo Mário Covas.

Na Assembléia, a oposição ao governo Serra se mobiliza para criar uma CPI. O governador revelou despreocupação. “Não tememos nada, quem não deve não teme.” Para ele, a ofensiva do PT “é a indústria da cortina de fumaça”. Na sua opinião, o PT agiu depois que foram divulgadas “lambanças inquestionáveis, irregularidades claras e óbvias no esquema federal”.

O governador declarou que a CPI do Senado também não incomoda os tucanos. “Tem até deputado do PSDB que é a favor.” Ele garantiu que, no governo Fernando Henrique, o ministério que comandava (Saúde) não dispunha dos cartões.

A interrupção dos saques é provisória. Serra passou a instrução ao secretário de Fazenda, Mauro Ricardo. “É até melhor porque assim as informações sobre supostos escândalos não chegarão pelas mãos do PT.” Sua medida, explicou, foi tomada porque as notícias sobre os cartões do governo paulista “estão gerando um burburinho grande, levando a muitos equívocos de interpretação.”

PARTE MENOR

Segundo Serra, o uso de dinheiro é “a parte menor, para pequenas despesas”. O grosso das operações, afirmou, foi realizado por meio de transferências bancárias. Ele também disse que já mandou colocar na internet todas as informações acerca dos gastos realizados com cartões corporativos.

Admitiu, porém, que o novo sistema não é absolutamente seguro. “Nenhum instrumento de controle é imune ao equívoco, ao desvio de comportamento”, disse. “Nenhum instrumento, aliás em nenhuma esfera de poder. Mas é um avanço do ponto de vista prático e de controle.”

Serra disse que não há acusações concretas sobre os cartões do seu governo. “Não há denúncias. Qual é a denúncia? Cite um exemplo”, ele desafiou os jornalistas que o abordaram no TJ.

O PT mencionou compras de perfumes, cremes e churrascos. “Não tem nada a ver com cartão”, reagiu o governador. “Todos os gastos com cartões são públicos, sempre foram, registrados online na Assembléia onde todos os partidos têm acesso. Também o Tribunal de Contas recebe os dados.”

Serra apontou para o governo Lula. “A diferença é que aqui não existe conta secreta”, disse. “Aqui secretário de Estado não tem cartão, ninguém compra em free shop, secretário não maneja isso. São funcionários, em sua maior parte de carreira, que executam compras já programadas, limitadas.”


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