Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 02, 2008

Sem tapioca

NÃO FOSSE pelo que se gastou em locadoras de automóveis e num free shop, pouca gente estaria hoje informada de que existe, no Brasil, uma secretaria da Igualdade Racial com status de ministério.
Do mesmo modo, despesas irregulares numa churrascaria fizeram com que a pasta da Pesca desse finalmente à opinião pública os ares de sua graça.
Ainda não se inventou o Ministério dos Paladares Regionais, mas o impensado consumo de uma tapioca pelo ministro dos Esportes terá ao menos contribuído para divulgar as atrações irresistíveis do quitute -que não vinha merecendo do presidente Lula tratamento tão privilegiado quanto o concedido, num discurso recente, ao bom e velho caju.
Sai de cena, depois de um período de férias em que seu cartão corporativo não conheceu descanso, a ministra Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial. Fica vago, com isso, um ministério vazio; o afastamento da ministra assim reequilibra a situação, para nada dizer do microscópico orçamento da pasta.
O governo Lula reagiu em boa hora a uma nova fonte de desgaste político. Ainda que falte substância -e sobrem riscos de ridículo- à proposta de "CPI da tapioca", lançada pela oposição, os abusos com os cartões corporativos certamente acentuam a imagem de descontrole e de aproveitamento que contamina, não apenas no plano federal, os ocupantes do poder público no país.
Mas não basta, como fez o governo, estabelecer critérios mais rigorosos na utilização dos cartões e nas "contas B", que possibilitam a emissão de cheques para gastos emergenciais e com diárias de viagem. A desmoralização só se evita se a atitude pessoal das autoridades nessa rubrica -passível de acompanhamento pela internet- não der margem a nenhum mal-estar. O que talvez seja difícil, com tantos bares e churrascarias por perto.

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