Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 16, 2008

José Aníbal assume liderança tucana na Câmara

Aníbal, os louros e o sonho

O novo líder do PSDB na Câmara tem uma ambição. 
Cabe ao governador José Serra encaminhá-la 

André Dusek/AE
Aníbal: apoio a Alckmin para abrir seu caminho rumo ao governo paulista

O PSDB escolheu, na semana passada, o novo líder de sua bancada na Câmara dos Deputados: José Aníbal, ex-presidente do partido. Ele parecia ser o único candidato ao posto até dezembro do ano passado, quando aliados do governador de São Paulo, José Serra, tiveram a brilhante idéia de lançar na contenda Arnaldo Madeira, que foi líder do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara e chefiou a Casa Civil de Geraldo Alckmin. Depois que Aníbal derrotou Madeira, a primeira providência do eleito foi endossar a pretensão de Alckmin de se candidatar a prefeito de São Paulo neste ano. É claro que a declaração contrariou Serra e sua turma, que gostariam de reeleger o democrata Gilberto Kassab e preservar Alckmin para a disputa do governo paulista em 2010. E é claro que a declaração agradou ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que disputa com Serra a vaga de candidato tucano à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Afinal, Aécio tem o objetivo não declarado de minar a influência de seu colega paulista sobre a bancada do partido e conta, para tanto, que seu amigo Alckmin se abolete na poderosa prefeitura paulistana.


Dida Sampaio/AE
Serra e Aécio: toda disputa no PSDB tem 2010 como pano de fundo

Ainda é cedo, no entanto, para avaliar até que ponto a eleição de Aníbal representa um revés para Serra. Apesar de a maioria de seus seguidores ter pedido votos para Madeira, o governador manteve-se fora da disputa e um de seus assessores mais próximos, José Henrique Reis Lobo, chegou a fazer campanha para Aníbal. Muitos dos votos dados ao novo líder vieram, aliás, de aliados de Serra na bancada federal. Como Aníbal quer ser governador de São Paulo, há quem veja no seu apoio a Alckmin uma forma de limpar o caminho. Se foi apenas essa a intenção, talvez esteja na hora de Serra estender a mão a ele. Os dois tucanos, que costumavam bicar-se mutuamente, vêm ensaiando há meses uma aproximação. Atrair Aníbal para a sua seara, transformando-o num aliado de verdade, seria uma ótima maneira de o governador de São Paulo dar o troco em Aécio e Alckmin. Ah, sim, Serra também poderia tentar controlar os ímpetos do pessoal que lançou a candidatura de Madeira. Esse é o tipo de entusiasmo com efeito bumerangue.

Por último: ao contrário do que foi divulgado, o novo líder do PSDB na Câmara não fará uma oposição dura ao governo. Aníbal é amigo dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da Comunicação Social, Franklin Martins, desde os anos 60. Os dois petistas telefonaram a Aníbal para cumprimentá-lo pela vitória e aproveitaram para marcar um jantar, que deve ocorrer nos próximos dias.

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