No cargo há quase dois anos, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, sabia desde o dia da posse que passara a comandar a única mesa de sinuca a serviço da pátria. Está na garagem do prédio desde 1993. Como o carro do chefe também fica estacionado ali, o ministro cansou-se de ver a turma das tacadas apostando alguns trocados no pano verde. O resto do país só soube agora da sinuca no ministério, graças ao funcionário que mandou reformar a mesa e pagou a conta de R$ 1.400 com um cartão corporativo. Hélio Costa prometeu punir o subordinado. A mesa continuará onde sempre esteve. O Cabôco quer saber o que ainda espera para autorizar a venda de coxinha e cachaça na garagem.
Índios governam a rodovia federal
Há quase um ano, os waimiri-atroari descobriram que, durante a noite, animais são atropelados com mais freqüência. Para garantir a carne de caça de todos os dias, decidiram assumir o governo dos 200 quilômetros da rodovia federal Manaus-Boa Vista que cruza a reserva da tribo. Das seis da tarde às seis da manhã, o trecho, equivalente a um quarto da estrada, fica fechado ao tráfego. Há exceções. O bloqueio é levantado quando se aproximam veículos do Exército, da Funai e de ONGs controladas por estrangeiros. Passam também os ônibus de uma empresa cujos proprietários conseguiram adquirir a confiança da tribo. O preço foi razoável. Mas tiveram de pagar à vista. E em dinheiro vivo.
O poder da caixa-preta
Analice de Novaes Pereira chegou ao comando do Ibama em São Paulo a bordo do sobrenome. Sabia tanto de bichos como José Serra, que já era cinqüentão quando foi apresentado a uma vaca. Só vira florestas nos filmes do Tarzan. Mas era irmã de Sílvio Pereira, secretário-geral do PT. Silvinho podia muito. E os companheiros sempre ouviam o que dizia.
Cinco anos depois, atropelado por um Land Rover, Silvio Pereira perdeu o cargo no PT e o direito de pendurar amigos ou parentes no cabide de empregos federal. Mas também perdeu a voz, e só por isso Analice não perdeu o cargo. Se pode pouco, Silvinho sabe muito. Os ex-companheiros não querem que alguém ouça o que tem a dizer.
A bandidagem exige respeito
A bandidagem homiziada na Liga Estadual das Escolas de Samba não costuma prestar atenção ao que estabelece o Código Penal. Enfileirados no asfalto da Sapucaí, os prontuários da turma não caberiam na avenida. É natural que aplaudam com entusiasmo a passagem do amigo Belo, o menestrel do tráfico, ou de Anísio da Beija-Flor, gente boa.
O que os chefões da Liesa muito prezam é o respeito aos bons costumes e, sobretudo, aos valores familiares. É natural que tenham punido a São Clemente pela inclusão no desfile daquele avião com um tapa-sexo de oito centímetros. Assassinatos, seqüestros, narcotráfico - isso pode. O que não pode é "genitália desnuda". Ou quase.
Yolhesman Crisbelles
A taça da semana vai para o o ministro Nelson Jobim, pela sopa de letras servida para esclarecer por que defende com tanto entusiasmo a "revisão do imposto de 150% sobre a exportação de armas brasileiras para países da América do Sul e do Caribe". Trecho (reproduzido sem correções):
O que temos ali é o seguinte: havia um impedimento de exportação para alguns países latino-americanos. Nos outros não teriam. Teríamos um aumento brutal de taxa de exportação. Você sabe que não se exporta impostos e, se acontecer isso, todo o processo exportatório brasileiro tem que obedecer à mesma regra
Tudo explicado, ministro.