Na sua fala de ontem, 02.01.06, pela rádio, o presidente disse quatro verdades incompletas que podem se caracterizar em inverdades, porque tendem a enganar a população.
Primeiro, que depende do Congresso aprovar o FUNDEB, Fundo para o Desenvolvimento da Educação Básica, e se houver adiamento a culpa é dos parlamentares.
Verdade incompleta, porque ele não disse que o projeto do FUNDEB foi entregue pelo MEC no Palácio do Planalto, no dia 15 de Dezembro de 2003.
Foi o presidente quem esperou quase dois anos, engavetando um projeto tão importante. Agora, quer que o Congresso aprove sem discutir, sem melhorar, em poucos meses, aquilo que o presidente esperou três anos de governo para enviar.
A segunda verdade incompleta é que o FUNDEB trará mais R$ 4 bilhões de reais para a educação básica, sem dizer que isto só ocorrerá no ano 2010 ou 2011.
Ele não disse que para 2006 o FUNDEB que ele mandou para o governo aplicará apenas R$ 1,3 bilhão. O correspondente a R$ 0,15, quinze centavos, por dia de aula por aluno; ou R$ 50 por mês para cada professor, se todo o dinheiro fosse para melhorar a remuneração dos docente.
A terceira verdade incompleta é que ele não disse que o projeto apresentado em 2003 a ele, entregue pronto há dois anos, previa recursos no valor de R$ 4,3 bilhões, 4 vezes mais do que aquele que ele apresentou.
A quarta verdade não dita é que estes R$ 1,3 bilhão que ele se vangloria de levar para a educação básica equivale a um acréscimo de apenas 2,6% dos gastos atuais com educação básica feita no Brasil, em torno a R$ 50 bilhões.
De muito pouco vai adiantar, se não vier acompanhando de programas como a Escola Ideal, a Certificação Federal do Professor, iniciados em 2003 por mim no MEC e suspensos pelo governo Lula em 2004.
No seu programa de rádio o presidente cometeu quatro verdades incompletas que juntas correspondem a uma imensa ilusão, mais um gesto de marqueting político, usando desta vez a educação básica, as crianças do País para enganar os pais e a opinião pública.
Aprovar o FUNDEB como ele está é trair a educação. Depois de décadas de descaso ela ser usada como instrumento de publicidade nas vésperas da eleição.
Por que o presidente só descobre em 2005,a importância de um projeto que estava na gaveta dele desde 2003 e o modifica a ponto de descaracteriza-lo e ainda manipular a opinião pública? Porque o interesse do presidente não está na próxima geração que ele deveria educar, mas na próxima eleição que ele quer ganhar".