Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, janeiro 30, 2006
AUGUSTO NUNES Conta tudo, Duda
29.01.2006 | O marqueteiro Duda Mendonça preparou com minúcia e requinte o depoimento de Duda Mendonça na CPI dos Correios. No começo de agosto de 2005, ele foi içado do grande pântano pelo puçá escalado para o resgate de donos de contas bancárias suspeitíssimas. Já sentindo na nuca o bafo dos investigadores, planejou o contragolpe.
Voluntariamente, irromperia no Congresso uma única e espetaculosa exibição. A performance previa passes de calcanhar, lançamentos de trivela, pedaladas de Robinho, chutes de letra, gols de bicicleta, o diabo. Feito isso, era correr para o abraço e, depois, para o mar da Bahia. Só ignorou a histórica lição de Garrincha: não combinou com os adversários o que desejaria fazer.
No dia 11 de agosto de 2005, o marqueteiro do rei irrompeu sem aviso prévio na sala da CPI, escoltado pela sócia Zilmar Fernandes, companheira de tabelinhas. Durante quase oito horas, seguiu aplicadamente a estratégia que montara, enriquecida por retoques visuais e dramáticos golpes de cena.
Os cabelos ralos informavam que pentes não passava por ali havia tempos. A camisa de mangas curtas sugeria simplicidade, desapego, gente como a gente. Chorou com capricho, feito ator de novela mexicana. Terminada a exibição, petistas choravam também. Oposicionistas se comoviam com o patriotismo do cidadão Luiz Eduardo Cavalcanti de Mendonça. A flor de sinceridade foi herói por algumas horas.
No depoimento, contou que recebera do vigarista Marcos Valério um ultimato: ou abria uma conta no exterior ou não receberia um só tostão do PT. O tamanho do débito – cerca de 13 milhões de dólares – dispensou-o de dúvidas aflitivas. "Era a única maneira de conseguir a quantia estabelecida em contrato", desculpou-se, olhos marejados. A platéia, emocionada, assentiu com balanços de queixo.
A conta homiziada em Miami, sob a guarda do BankBoston, tem o nome de Dusseldorf. (Boa escolha. Lembra aquele vampiro). Duda jurou que jamais cometera esse tipo de pecado. Só transgredira em Dusseldorf. Não tinha dinheiro em outros países, não movimentava contas em bancos lenientes. Mas havia muitos pecadores agindo à sombra do partido da ética, ressalvou.
Pormenores perturbadores sublinharam a descrição da lavanderia de dinheiro instalada no exterior por vestais decaídas do PT. Duda acabou reconhecendo que a Dusseldorf era uma conta-ônibus, utilizada para a consumação de bandalheiras. Alguns horrores depois, ele deixou a CPI com cara de coroinha. Achou que estava abandonando o palco. O depoimento seria o prólogo de um drama ainda longe do fim.
Já no meio da discurseira, integrantes da CPI perceberam que Duda estava contando só uma parte da história – e retocada. Nas semanas seguintes, comprovou-se que Duda tem uma penca de contas no exterior. É um veterano no ramo do enriquecimento em dólares. Reportagens recentes da revista Veja comunicam que Duda, sempre ouvido com atenção por caçadores de votos, merece ser ouvido com atenção redobrada por caçadores de pilantras.
O publicitário milagreiro e o candidato a tudo Paulo Maluf conviveram anos a fio. Aparentemente, trocaram proveitosos segredos profissionais. Graças aos craque em ilusionismo eleitoral, Maluf aprendeu a não empinar o queixo, demitiu os aros truculentos dos óculos. Graças às lições do homem que fez São Paulo (fora o resto), Duda aprendeu a consumar tenebrosas transações a muitos quilômetros das fronteiras do Brasil.
Inquieto com o bombardeio crescente, Duda anda mandando recados ameaçadores a antigos parceiros. Se tentarem puni-lo, vai revelar o muito que sabe. É uma notícia excitante para um país às voltas com tantas perguntas sem resposta. Conta tudo, Duda.
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