Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, janeiro 31, 2006

Lucia Hippolito na CBN:Campanha original


 

"Eleição muito curiosa, esta de 2006. A campanha presidencial vai de vento em popa. Temos campanha, mas não temos candidatos.


O presidente Lula reúne-se com marqueteiro, começa a escolher o estado-maior da campanha, seleciona temas a serem explorados nos discursos.


Lula tem pinta de candidato, agenda de candidato, palanque de candidato, faz discurso de candidato. Mas ainda não decidiu se vai ser candidato.


Tortura o PT até conseguir que o partido, de joelhos, lhe peça para ser aquilo que ele já decidiu ser há muito tempo. Isto é, candidato.


Mas o presidente não tem pressa. Vai tentando enganar a Justiça Eleitoral enquanto pode. Assim, Lula finge que ainda não é candidato, e a Justiça Eleitoral finge que acredita.


No PSDB, está feia a coisa. O ex-presidente Fernando Henrique chegou mesmo a declarar que quem vai escolher o candidato tucano é o povo. Será que o candidato do PSDB vai ser escolhido por eleição direta? Não, foi apenas uma brincadeira de Fernando Henrique.


O governador de São Paulo Geraldo Alckmin está doido para ser candidato. Reúne-se com assessores, toma aulas de Brasil, estuda temas federais.


Alckmin faz pose de candidato, viaja como candidato, discursa como candidato. Mas ainda não é candidato, porque o PSDB não consegue se decidir.


O prefeito José Serra, por sua vez, espera que a candidatura tucana lhe caia no colo. Não pode se declarar candidato porque pode desagradar aos paulistanos. Afinal, ainda não esquentou bem a cadeira de prefeito.


Mas Serra faz pose de candidato, discursa como candidato. Só não pode ainda assumir que é candidato.


No PMDB, a cúpula do partido não gosta de Anthony Garotinho, outro que está doidinho para ser candidato. Mas os caciques preferem o governador Germano Rigotto. Garotinho vai fortalecendo seu nome nas bases do partido, comendo o PMDB pelas beiradas.


A cúpula peemedebista vai dando corda, para depois ver como é que vai abandonar Garotinho.


Quanto aos pequenos partidos, estes nem podem brincar de eleição presidencial ainda, porque não se conhece o final da novela da verticalização.


Se a verticalização realmente cair, os pequenos partidos apresentam candidatos, para aumentar suas chances nos estados.

 

Se ela não cair, eles não apresentam candidatos, porque precisam tratar da própria vida nos estados.


É ou não é uma campanha muito original?"

Enviada por: Ricardo Noblat

Arquivo do blog