BLOG CASAGRANDE
24.01, 17h41
por Murillo de Aragão, no Blog do Noblat
Baseado no fato de que é contra a reeleição e na experiência que teve ao derrotar os super-favoritos Antonio Britto e Tarso Genro no Rio Grande do Sul, o governador Germano Rigotto quer surpreender e chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.
O raciocínio de Rigotto baseia-se no fato de que ele pode ser a novidade do processo eleitoral. Sendo um candidato leve, seria ele uma alternativa a um Lula desgastado e a um Serra que seria “mais do mesmo” da era FHC. Alckmin, por ser igualmente uma novidade, não é um oponente previsível e, portanto, mais difícil de enfrentar.
No entanto, antes de entrar na reflexão sobre o seu raciocínio eleitoral, temos que avaliar os desafios de Rigotto para se tornar candidato. O primeiro é convencer o partido a ter candidato presidencial. O segundo é vencer a disputa com Garotinho ou algum outro nome pela vaga de candidato. É uma parada duríssima.
Os governistas do PMDB querem apoiar Lula ou, pelo menos, não lançar candidato presidencial e ficar livre para apoiar Lula onde puderem. Lula acena com um pacote atraente: mais espaço para o PMDB no atual ministério, a promessa de não lançar candidato do PT em estados onde o aliado fosse mais viável e um segundo mandato totalmente compartilhado com o partido.
As chances do PMDB lançar candidato presidencial próprio aumentam com a aprovação da emenda constitucional que acaba com a verticalização. Está em curso uma negociação para aprovar a emenda. Cálculos preliminares de algumas lideranças partidárias que apóiam o fim da verticalização indicam o apoio de 325 deputados a favor da emenda, mais que os 308 necessários.
Caso a decisão do PMDB fosse uma decisão de cúpula, Lula levaria vantagem por uma margem estreita. Mas a decisão deve ser dividida com outras esferas do partido. Nesse caso, aumentam as chances de Rigotto e de Garotinho.
O passo seguinte é vencer Garotinho e ser lançado candidato oficial do partido à presidência. Para tanto, Rigotto conta com a sua trajetória política totalmente vinculada ao MDB e ao PMDB. Garotinho, por sua vez, já transitou por muitos partidos até chegar no PMDB e ameaçar sair (para o PTB, por exemplo) em outubro passado.
Rigotto, apesar de mais jovem que a velha guarda do PMDB, carregaria a bandeira histórica do partido com mais coerência do que Garotinho, que acaba de chegar. Porém, história não é tudo. Garotinho trabalha incansavelmente para ser candidato. Tendo viajado todo o país em busca de apoio, ele está minando as lideranças do partido que podem ser surpreendidas com o volume de apoio nas bases.
No momento, a disputa entre Garotinho e Rigotto apresenta um quadro de incerteza. Garotinho enfrenta sérias resistências na cúpula do partido e Rigotto ainda não empolgou. Nas próximas semanas, a candidatura Rigotto poderá ganhar impulso por conta de sua crescente exposição na mídia e pelo apoio da maioria dos governadores do partido. Mas o reflexo nas pesquisas pode não ser imediato. Aliás, Rigotto conta com o início da propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV para melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
Na hipótese de Rigotto ser candidato pelo PMDB seu desafio inicial está em construir uma coligação forte. Pessoalmente, Rigotto transita bem com o PTB, PPS e PDT. Um desses poderia indicar o vice-presidente na sua chapa. Idealmente, deve vir de Minas Gerais ou do Nordeste. Com um bom tempo de televisão, Rigotto conta em subverter a lógica da polarização e ser a surpresa da eleição. É difícil, mas não é impossível.
Rigotto tem uma boa empatia com a audiência quando fala na televisão. Está chegando ao final do seu governo com a sua imagem intacta, sem desgaste de denúncias. Tem uma bela trajetória política tendo sido vereador, deputado estadual, deputado federal, líder dos governos Simon no Rio Grande do Sul e FHC em Brasília, líder do PMDB e governador do seu estado. Goza de bons índices de aprovação e de baixos índices de rejeição.
Tendo um fortíssimo instinto político, Rigotto acredita que tem um caminho possível de ser trilhado em meio à fortíssima disputa entre o PT e o PSDB. E um discurso de mudança sem revanchismo. Quanto mais violenta for a disputa entre os dois principais partidos da cena nacional, melhor para ele.
O plano de Rigotto pode não dar certo e morrer nas prévias do PMDB, marcadas para o dia 19 de março. Mesmo assim, caso vença a barreira partidária, sua lógica eleitoral pode funcionar.
Murillo de Aragão é cientista político e analista sênior da Arko Advice - Análise Política.
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