Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Clóvis Rossi - O duplo fracasso




Folha de S. Paulo
25/1/2006

DAVOS - A Índia é o "país-estrela" do encontro anual 2006 do Fórum Econômico Mundial, que começa hoje. Não, não superou a China, mas está fazendo uma exibição de músculos pouco usual, ao menos na comparação com anos anteriores.
Se os encontros do Fórum moldam a agenda global, como pretendem seus dirigentes e como acredita boa parte da esquerda global, então a Índia será a estrela de 2006.
O curioso é que a Índia tem uma trajetória inversa a do Brasil: entre 1950 e 1980, período em que o Brasil conheceu vigoroso crescimento, a Índia crescia apenas 3,5% ao ano em média. Seu primeiro-ministro, Manmohan Singh, lembra que esse dado já representava uma melhoria em relação aos 50 anos anteriores, mas "ficava bem abaixo das expectativas e metas".
Nos 20 anos seguintes (1980-2000), o crescimento já foi significativo (5,8% ao ano, nível que o Brasil parece conformado em não alcançar). Saltou para 7% na média anual nos três anos recentes e subiu para 8% no fim do ano passado. É, pois, o espetáculo do crescimento, o verdadeiro.
Mas nem é o principal dado que vem da Índia. Pesquisa feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers com 1.400 homens de negócio do mundo todo mostra que a grande atração da Índia está dada por dispor de um "pool" de talentos altamente qualificados.
Há pelo menos um especialista que vê no investimento em educação, óbvio responsável pelos talentos que os empresários estrangeiros admiram, um fator que, a médio prazo, poderá fazer com a Índia passe a China como estrela da economia mundial.
"Para o desenvolvimento econômico sustentável, a qualidade e a quantidade de capital humano importará muito mais que a do capital físico", escreve Yasheng Huang (do mitológico MIT) para o "Financial Times".
O notável, no Brasil, em comparação, é que não consegue investir nem no capital físico nem no humano.

@ - crossi@uol.com.br

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