Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 28, 2006

FERNANDO RODRIGUES Céu e inferno para Lula

FSP
BRASÍLIA - Há um otimismo acima do tom entre os lulistas e o próprio Lula. O presidente anda demonstrando se sentir mais forte do que a vista permite enxergar agora.
Sobre a enxurrada de candidatos e siglas que pretendem estar na disputa presidencial, Lula tem usado uma frase que não deixa dúvida sobre sua visão edulcorada da realidade: "Em abril, esses partidos todos vão estar batendo na nossa porta".
O roteiro governista está traçado. Aposta total na economia e no social. Arrefecimento das CPIs no Congresso. Melhoria da taxa de popularidade presidencial para a casa dos 40%. Campanha polarizada com um tucano. Deixar os outros falando sozinhos. Não passar recibo para eventuais hostilizações. Ir ao segundo turno (dado como certo pelos petistas) bem à frente do segundo colocado. Alinhavar rapidamente novas alianças e faturar mais quatro anos para Lula no Palácio do Planalto.
Há vários componentes ainda em aberto nessa complexa e audaciosa equação. Para começar: as CPIs. Não há previsão científica sobre o que pode ainda sair desse mato. Os "tiros" dados recentemente nos marqueteiros lulistas (Duda Mendonça e João Santana) são prova de que a teoria do caos tem sido a regra nessas investigações sobre corrupção.
Já a economia é uma grande incógnita. O pesadelo dos petistas é o país realmente crescer, mas não de maneira robusta e a tempo de atingir a parte mais sensível do corpo do eleitor: o bolso. Essa falta de sincronia tem exemplos na história.
Nos EUA, em 1992, o país crescia de maneira sustentada. Os eleitores não sentiram a tempo. Derrotaram Bush pai nas urnas. Deram a Casa Branca ao democrata Bill Clinton -que passou oito anos surfando num boom econômico arquitetado pelo seu antecessor e adversário.
Troque os nomes. Lula perde. Um tucano vence. O Brasil dispara a crescer em 2007. Como diria Conrad, só restará ao PT chorar e lamentar dizendo, "o horror, o horror".

@ - frodriguesbsb@uol.com.br

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