Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 19, 2008

O Exército e o tal “bispo” por Reinaldo Azevedo

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Vamos botar um pouco de ordem na orgia de opiniões e interpretações.

O que tenho escrito nestes três dias? Que demonizar a participação, que considero necessária, das Forças Armadas no combate ao crime organizado é uma tolice do convencionalismo. Afirmar que o Exército, por exemplo, é preparado para a guerra é só um chavão, um clichê. Mas até ele serviria. Na forma como se dá o narcotráfico no Rio, com o domínio do morro por siglas sinistras, estamos falando de parcelas do território brasileiro que foram tomadas pela bandidagem. Então, se quiserem, trata-se mesmo de guerra.

Mas vamos devagar. Será que eu apóio que o Exército seja chamado para garantir uma obra eleitoreira do bispo Crivella, candidato a prefeito do Rio por um partido que praticamente pertence a uma seita religiosa? ORA, É EVIDENTE QUE NÃO.

De fato, trata-se de um desvio de função e de um erro dos nossos, como é mesmo o nome?, “governantes”. Aliás, eu, que tenho tanto defendido o Exército, farei agora uma crítica: os nossos generais, a maioria ao menos, padecem do pecado do convencionalismo nessa questão; eles são contra atribuir o que chamam “função de polícia” às Forças Armadas (embora eu não defenda isso, não...). Pois bem: se resistem a que se faça isso de maneira organizada, pensada, “militarmente correta”, como podem condescender com o uso de soldados como “segurança” de uma obra imaginada pelo tal “bispo” candidato? Tenham paciência, né?

É evidente que a melhor maneira de sabotar uma solução é aplicar medidas de maneira errada ou parcial. É o que se fez nesse caso. Chamaram os soldados para se comportar como obreiros da Igreja Universal do Reino de Deus, e a possibilidade de, um dia, as Forças Armadas cumprirem a sua função e recuperarem as partes do território brasileiro que nos foram tomadas ficou ainda mais distante.

O Exército, cujo comandante máximo é o presidente da República, não pode se prestar a chicanas eleitoreiras. Mas isso não quer dizer que, agora, deva se subordinar à vontade do narcotráfico, que o quer longe da favela.

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