O que aconteceu com as grandes regiões metropolitanas do Brasil? O economista André Urani, do Iets, anda, segundo ele mesmo diz, obcecado com esse tema, em busca de explicações e, mais que isso, de possíveis soluções. Ele vê em dados recentes, como o aumento do emprego formal nas grandes cidades, sinais de que as coisas estão melhorando. No entanto, acredita que serão necessárias políticas de Estado — e tempo — para que as metrópoles possam voltar a ser o motor de crescimento do país.
Urani demonstra a perda de importância das metrópoles com alguns dados muito interessantes que podem ser observados nos gráficos.
Nos anos 40, apenas 20% da população brasileira estavam nas cidades. De 1940 a 1980, a relação praticamente se inverteu, e 70% passaram a viver nos centros urbanos.
Enquanto o número de brasileiros triplicou, o PIB do país se multiplicou por 15; o crescimento médio do Brasil neste período foi de 7%; as regiões metropolitanas foram o grande motor, com taxas de 7,57%. São Paulo registrou 8,5%.
— Os números deixam absolutamente claro que quem puxou essa transformação foram as principais regiões metropolitanas. Demograficamente, elas também cresciam mais que a média do Brasil, mas como o PIB crescia mais, havia um ganho do PIB per capita — explica o economista.
Só que, a partir dos anos 80, tudo mudou. O modelo industrial, de substituição de importações, implodiu; as metrópoles perderam suas fábricas para cidades no interior e seu posto de vedetes do crescimento. Entre 1980 e 2005, o Brasil cresceu, em média, 2,2% do PIB; a taxa demográfica, um pouco menos, 1,8%. E as metrópoles? Bem, no período, a freada por que passaram foi mais brusca. Elas cresceram menos que a média brasileira, 1,6%, mas seu aumento populacional foi superior: 2%. Contas feitas, o que aconteceu nos dez grandes centros foi uma queda do PIB per capita no período 1980-2005. De locomotiva, passaram a freio.
— O Brasil está voltando a crescer, está distribuindo renda, mas o que está puxando não são as metrópoles, são o minério, o frango, a soja, o petróleo, isso não é da cidade — diz Urani.
Ele, contudo, deixa claro que as vantagens das metrópoles ainda persistem.
Nas cidades grandes, o acesso a saúde e educação, por exemplo, ainda é bem melhor; mesmo que se trate de um morador de áreas mais pobres desses locais. A proporção de pobres e de indigentes ainda é mais baixa.
O que tem de diferente agora em relação ao período 194080 é que, naquela época, os ganhos de qualidade de vida eram extraordinários. E, como havia mais oportunidade e mobilidade, Urani acredita que por isso a tensão — que muitas vezes desemboca na violência — era bem menor.
Nos últimos anos, o índice de desigualdade até melhorou nas áreas metropolitanas, mas está pior que no Brasil como um todo.
Mesmo São Paulo, diz o economista, hoje dá oportunidades para profissionais quando eles são qualificados.
Para trabalhadores sem qualificação, as chances são bem menores que outrora.
Apesar de todos os poréns, André Urani não acha que cidades grandes são inviáveis, como muitos acreditam.
Diz que Barcelona, Londres, Filadélfia e Turim, por exemplo, foram capazes de se reinventar. No mês que vem, ele lança o livro “Trilhas para o Rio – Do reconhecimento da queda à reinvenção do futuro”, no qual busca caminhos.
— É preciso desenvolver políticas públicas específicas para 20, 30 anos. Tem que se transitar de um modelo de grande indústria, fordista para pequenas empresas, serviços. No mundo globalizado, o Brasil tem de entrar com mais que só matériasprimas, e o espaço para se construir conhecimento é nas cidades.
Entrevista:O Estado inteligente
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