Entrevista:O Estado inteligente

domingo, junho 29, 2008

ELIANE CANTANHÊDE Obama, "la ola"


BRASÍLIA - A adesão, o discurso e o abraço sorridente de Hillary Clinton, estampados nos jornais de todo o mundo ontem, podem atrair para o democrata Barack Obama o voto hispânico, que deve chegar a decisivos 7% ou 8% do total. Hillary era a preferida da população latina, que somava 44,3 milhões (15%) dos habitantes em 2006 e é estimada atualmente em 46 milhões, com 18,2 milhões inscritos para votar. A expectativa é que metade -em torno de 9,2 milhões- realmente deposite suas cédulas nas urnas.
Trata-se de um potencial respeitável, pois as últimas eleições tiveram resultados muito apertados, de até 1% de diferença. Com 7% a 8% do eleitorado, os latinos -aí incluídos brasileiros e seus descendentes- podem definir a eleição para um lado ou para o outro. Dos 13 Estados indecisos, cinco com forte presença latina são alvos obrigatórios de Obama e de McCain: Flórida, Nevada, Arizona, Colorado e Novo México.
Tradicionalmente, os latinos tendem para os democratas, mas há três novos fatores: 1) Bush é republicano, mas fala espanhol, aproximou-se da comunidade e atraiu 34% dos votos latinos em 2000 e 40% em 2004; 2) McCain é senador pelo Arizona, com boa presença latina, e foi um dos autores da lei de flexibilização da imigração (que não passou no Congresso); 3) os latinos queriam Hillary, não Obama.
Há dúvidas sobre a migração automática dos votos dela para ele. Como há dúvidas quanto a uma simbiose de votos latinos e negros. Juntos, eles dividem as camadas mais pobres e menos escolarizadas, disputando empregos, moradias e vagas nas escolas. Há quem avalie que são "concorrentes", e os latinos não votariam em massa num negro.
De outro lado, há os que apostam que eles convivem de perto, se identificam como minorias e votarão, sim, em Obama. Principalmente porque ele é a "onda" da vez, e onda leva tudo de roldão.

elianec@uol.com.br

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