Entrevista:O Estado inteligente

sábado, março 01, 2008

RUY CASTRO De encantos mil

RIO DE JANEIRO - No dia de hoje, em 1565, o capitão Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em meio à guerra contra os franceses e seus aliados, os índios tupinambás. Os aliados dos portugueses eram os temiminós, e as batalhas, tremendas, se davam nos morros.
Ou seja, tudo na mesma. Há 443 anos, balas de arcabuzes e flechas perdidas já zuniam sobre a paisagem de encantos mil, trocadas por bandos de gente seminua que, nas tréguas, assim como hoje, se entregavam às delícias da baixa gastronomia. A diferença é que, então, no auge da antropofagia, o menu eram tripas cozidas, orelhas defumadas e miolos com farinha -humanos, claro -, e não os atuais e insuperáveis bolinhos de aipim e caldinhos de feijão com torresmo.
As datas são fixadas pelos vencedores, daí o Rio fazer aniversário no dia 1º de março. Mas já constava dos mapas desde 1º de janeiro de 1502, quando o florentino Américo Vespúcio, a bordo de uma esquadra lusa, passou pela baía de Guanabara e, confundindo-a com a foz de um rio, chamou-a de Rio de Janeiro.
A partir de 1504, sentindo que os portugueses estavam mais a fim das províncias ao norte, os franceses foram chegando em caráter amistoso, ocupando nossas terras e seduzindo nossos índios. Em 1555, finalmente a valer três pontos, o almirante Villegagnon fundou aqui a França Antártica e começou a compor um dicionário tupi-francês com seu amigo, o cacique Cunhambebe.
Os portugueses levaram dez anos para acordar. Quando isso aconteceu, em 1565, Estácio arrasou a França Antártica, fundou a cidade propriamente dita e, como Siegfried, morreu de uma flecha envenenada. Séculos se passaram. Em 1927 ou 1928, no bairro que levou seu nome, os jovens Ismael, Bide, Marçal e outros deram contornos definitivos ao samba. O Rio é assim

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