Entrevista:O Estado inteligente

sábado, março 01, 2008

MELCHIADES FILHO Boca de Lupi

BRASÍLIA - O Planalto alega que não pode demitir um ministro "a cada denúncia" da imprensa. Certo.
Mas não é isso o que segura Carlos Lupi (Trabalho), censurado pela Comissão de Ética por conciliar o cargo com a presidência do PDT e investigado pela Controladoria Geral por assinar convênios supostamente em benefício do partido.
Ao governo não interessa que o PDT saia da coalizão e caia no colo oposicionista em 2010.
Muito menos que a ruptura ocorra na largada das eleições municipais. É um pedetista, por exemplo, quem lidera as pesquisas no Rio, alvo cobiçado pelo lulismo.
Seria um perigo, também, abrir precedente e dispensar um ministro por causa de parcerias estranhas com ONGs. É evidente que outros partidos da base bebem dessa torneira. Note o empenho dos governistas para bloquear a CPI que pretendia investigar os convênios.
Mas Lupi sobrevive, mais do que tudo, porque representa a Força Sindical no primeiro escalão. Sem o apoio da central, o presidente teria (mais) problemas para resolver as muitas pendências na área do Trabalho: imposto sindical, direito de greve no setor público, convenções da OIT, reajustes do funcionalismo (congelados pós-CPMF) etc.
Lula, PT e CUT surgiram em protesto contra o sindicalismo "pelego" e a legislação trabalhista que este avalizou (algo que o distanciou do brizolismo, herdeiro do varguismo e escola política de Lupi).
Mas o mundo girou, o trabalhismo perdeu relevância, o discurso murchou. Com a informalização e a volatilidade do mercado, o operário não chama mais a CLT de fascista.
Pelo contrário, aferra-se a ela.
Lula não é míope como os aliados que plantam denúncias contra Lupi. Ao acalentar o ministro da Força, ele mantém não só um equilíbrio entre as centrais como o direito de discursar em nome de todas.
O legado varguista virou pop. Lula vai abraçá-lo até que o eleitor se esqueça de Getúlio Vargas também.

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