O Globo |
20/3/2008 |
O governador de Minas, Aécio Neves, está tendo um bom exemplo do que o espera caso se deixe seduzir pelo canto da sereia peemedebista e troque o PSDB pelo PMDB para tentar concorrer à Presidência da República. No seu próprio estado, onde indiscutivelmente tem um apoio majoritário, a dobradinha com o prefeito Fernando Pimentel está sendo contestada pelo PMDB que, na pessoa do ministro das Comunicações, Hélio Costa, já busca apoios para se opor a essa união. A História conta diversos casos de líderes políticos importantes, das mais variadas tendências, que foram boicotados nas convenções partidárias peemedebistas, e mesmo quando superaram as divergências internas e chegaram a competir como candidatos do partido a presidente, foram "cristianizados" sem dó nem piedade. A começar por um dos seus maiores líderes, se não o maior, o deputado Ulysses Guimarães, que terminou a campanha de 1989 em sétimo lugar. O mesmo aconteceu com Orestes Quércia. E outros nem conseguiram chegar lá, como o ex-presidente Itamar Franco e o ex-governador do Rio Anthony Garotinho. O PMDB é uma máquina partidária formidável, tem hoje as maiores bancadas da Câmara e do Senado - na próxima legislatura terá a presidência das duas Casas, se o PT cumprir o acordo na Câmara - e tem o maior número de governadores, nada menos que sete, sendo que alguns deles políticos de destaque no jogo nacional, como o do Rio, Sérgio Cabral, o do Espírito Santo, Paulo Hartung, e o do Paraná, Roberto Requião. Não por acaso, três políticos de tendências distintas, como acontece no partido, uma confederação de lideranças regionais que não consegue se unir a não ser para ocupar os espaços da máquina pública que lhes garante sempre a hegemonia política, seja qual for o governo. Já está na história política brasileira a definição do PMDB como um partido que não consegue eleger o presidente, mas sem cujo apoio nenhum presidente governa. O presidente Lula, em seu segundo mandato, conseguiu uma façanha inédita até hoje: colocar as diversas facções do PMDB dentro de seu governo. Mas o passo adiante, que é o de convencer o partido a permanecer unido na campanha eleitoral de 2010 apoiando um candidato único da base partidária, esse parece um sonho de difícil realização, a não ser que volte à cena a campanha para que Lula possa concorrer a um terceiro mandato presidencial seguido. Somente a expectativa de poder com Lula é capaz de unir atores tão divergentes. Agora mesmo vemos nos três principais estados do país as manobras políticas das lideranças do PMDB em divergência com o PT, o que reflete uma convivência difícil no dia-a-dia da divisão de cargos do governo. Além da oposição em Minas, o PMDB em São Paulo negocia o apoio a um dos três principais candidatos - Geraldo Alckmin, do PSDB, Gilberto Kassab, do DEM, e Marta Suplicy, do PT -, o que mostra o pragmatismo partidário. Mas Orestes Quércia, o líder paulista dessa confederação partidária amorfa, teme fechar acordo com o PT, cuja candidata Marta Suplicy o rejeitou formalmente na eleição de 2004. Além do mais, quando fechou um acordo com o PT paulista para disputar o Senado, como quer novamente agora, foi traído por uma manobra de Aloizio Mercadante que, lançando um outro candidato, dividiu os votos. No Rio de Janeiro, a questão é mais complexa ainda. O PMDB estadual é controlado pelo deputado estadual Jorge Picciani e pelo ex-governador Garotinho, que comungam o mesmo objetivo: querem impedir que, com o apoio de Cabral e Lula, o PT cresça no estado. Os dois fecharam um acordo com o prefeito Cesar Maia para as eleições municipais que transformou o PMDB em sustentáculo de uma candidatura oposicionista ao governo federal, por enquanto representada pela deputada federal Solange Amaral. O governador Sérgio Cabral, aliado incondicional do presidente Lula, pretende lançar um candidato próprio e levou para o PMDB ninguém menos que o secretário-geral nacional do PSDB, Eduardo Paes, atual secretário estadual. Paes, no entanto, é vetado por Cesar Maia, e mesmo Picciani, que é aliado de Cabral, não o aceita. Há quem veja nessa insistência do governador em lançar Eduardo Paes duas manobras distintas. Ou Cabral estaria fazendo apenas jogo de cena para mostrar ao presidente que tentou ao máximo boicotar a candidatura de oposição arquitetada por Cesar Maia, ou estaria disposto mesmo a ter um candidato próprio do PMDB para dividir os votos e favorecer a candidatura do bispo Marcelo Crivella, que seria o verdadeiro candidato de Lula no Rio, e apoiou Sérgio Cabral no segundo turno para governador em troca de seu apoio agora para a prefeitura. Mais complicado ainda, existe a possibilidade de o PMDB vir a lançar um candidato próprio, caso a aliança com o DEM do Rio não dê sinais de força política. Nesse caso, o deputado federal Marcelo Itagiba, ex-secretário de segurança do Rio, seria uma opção de Garotinho e Picciani contra Eduardo Paes. O governador Sérgio Cabral gostaria de ter uma coligação local com o PT, que sinalizaria uma possível coligação nacional com ele como vice numa candidatura petista à Presidência. Mas no Rio, os dois partidos que polarizam a política nacional, PT e PSDB, são fracos, e o fortalecimento do PT é o que não quer o PMDB regional. O PSDB buscou na aliança com o PV e o PPS a candidatura do deputado federal Fernando Gabeira, que surge como uma novidade que deve ser acompanhada na política do Rio. O próprio Cesar Maia publicou em seu blog uma pesquisa do instituto GPP que mostra Gabeira empatado com sua candidata, Solange Amaral, com 12% das preferência, atrás de Jandira Feghali, com 14%, e Crivella, com 22%. Em uma pesquisa de junho do ano passado do mesmo GPP; Solange Amaral aparecia com 2,8%; Gabeira, com 3,9%; Crivella, com 15,2%, e Jandira, com 16%. |
Entrevista:O Estado inteligente
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