Rosângela Bittar |
Valor Econômico |
5/3/2008 |
Se depender de Roberto Freire, presidente do PPS, serão aceitas integralmente as condições impostas pelo deputado Fernando Gabeira para ser o candidato da aliança PV, PPS e PSDB à Prefeitura do Rio. Freire deu ontem as reais dimensões desta aliança que começa a se consolidar pelo Rio, já está em negociação adiantada em Recife, com a candidatura de Raul Jungmann (que representa o PPS na cabeça de chapa), tem um começo de conversa em Belém, e pretende, a partir de agora ir se insinuando em outras capitais e grandes cidades. No caso do Rio, onde o PPS tem uma de suas estrelas partidárias, não houve uma decisão formal de não lançar candidatura própria. A preferência do partido é ter candidatos, até para impulsionar a eleição de uma bancada de vereadores. Porém, Denise Frossard, ex-juíza, ex-deputada e ex-candidata ao governo, há muito avisou ao partido que não queria disputar em 2008. A alternativa Gabeira, para Freire, revelou-se ótima, melhor até que os planos iniciais, porque uma aliança desses três partidos pode representar, na sua opinião, um início de resgate do projeto da esquerda no Brasil. "Vamos tentar fazer alianças de partidos do campo democrático da esquerda, que não estejam na base de sustentação do governo, que tenham um passado incólume depois de todos esses processos judiciais e políticos", afirma Freire. Na opinião do presidente do PPS, esta coligação pode se transformar em instrumento para que a sociedade reaja ao que tem se apresentado sem solução, "o desgaste da política, a desmoralização dos políticos. Só podemos superar isto na política, não tem outra forma". Como o PPS, todos os partidos querem ter candidato próprio, mas Freire comenta que as conversas atuais no âmbito desta aliança Rio, com estímulo para criar o bloco desde as eleições municipais em várias grandes cidades, pode "ajudar em 2010". Este é o ponto. E ajudar o PSDB, que é o partido com candidaturas melhor situadas na sucessão presidencial. Alianças de 2008 tendo 2010 no horizonte Entre políticos e analistas, Gabeira é visto como uma alternativa para a "zona sul", elite do Rio, e não como uma opção viável a vencer nos redutos eleitorais mais densos, porém de classe média baixa. Roberto Freire discorda: "O Gabeira é uma alternativa não apenas para um projeto de administração do Rio, isto ele é mesmo; mas ele eleva a disputa do Rio, talvez vá ser uma disputa que se equipare à de São Paulo do ponto de vista do confronto. O Gabeira se credenciou muito nos últimos anos, inclusive como crítico desta degradação moral que atingiu o país a partir do mensalão". Freire admite que a idéia de que Gabeira é alternativo demais pode emergir dos setores mais conservadores, manipuláveis até por um adversário evangélico. Porém o Rio, na sua opinião, tem um peso grande na questão da mudança de costumes, de meios e modos, que pode prevalecer. "Não podemos ficar pensando que não há alternativas à crise que estamos vivendo", afirma. Segundo Freire, alguns grupos da direita estão "tremendamente raivosos" e estão subindo o tom das críticas. Isto foi possível porque, na sua opinião, o PT chegou ao governo e, com o processo de corrupção em todos os lugares, abriu um flanco fácil para as críticas à esquerda. "E a esquerda que não está metida nisto acaba envolvida". Não é que a esquerda, no mundo, não tenha sido nunca corrupta, ressalva Freire, apontando que em alguns lugares ela foi. "Mas no Brasil não foi. Esta nunca foi uma característica nossa". Mesmo na guerra fria, lembra, havia ataques por todos os lados, mas "tínhamos dignidade". Agora, afirma, "é a avacalhação da esquerda, como se fôssemos todos iguais a esses caras. Não somos". E como é que o PSDB, que estaria nas alianças de resgate da esquerda, se inclui nesta alternativa? Freire assinala que, em alguns lugares, o PSDB é "mais complicado", mas na maioria não. Ele próprio já conversou com o presidente do partido, Sérgio Guerra, com o governador de São Paulo, José Serra, virtual candidato à Presidência, e em Minas já estão aliados a Aécio Neves, para um começo de conversa. O presidente do PPS defende uma chapa Serra-Aécio em 2010, como opção do ponto de vista moral e de mudança da política econômica a que se referiu. "Serra sempre criticou e ainda critica a política econômica. E é bom que o faça. A nossa crítica a este governo não é que ele seja corrupto. Corrupto ele é, onde você mete o dedo a podridão aparece. Mas a oposição maior que fazemos é que ele está sendo nocivo aos interesses do país. Vamos pagar caro no futuro pela continuidade desta política econômica". Freire destaca o crescimento medíocre aqui, quando o contrário ocorreu nos demais países, em um momento virtuoso da política internacional, e critica a euforia por resultados que nada mais foram que obviedades provocadas pela própria situação internacional. Critica, ainda, a política de expansão do crédito, um dos destaques deste governo: "O endividamento louco que estamos promovendo é para dar lucro à indústria automobilística, ao comércio e, no fundo, ao sistema financeiro". Isto, na sua opinião, não vai dar certo. E pergunta: "Qual será nosso subprime? O crédito é importante mas o que estamos vendo no Brasil foge ao tradicional, não estamos tendo crescimento na mesma proporção". A política econômica do governo petista é a mesma do governo do PSDB, mas Freire lembra que não é uma questão programática nem para um nem para outro partido. "O Serra achava, como nós, que era equivocada já no governo Fernando Henrique". O PPS, diz seu presidente, está tendo a coragem de dizer isto, alguns economistas, até do PT, estão alertando para isto, mas "a grande maioria entrou no clima do governo". É mais uma razão, segundo diz, para a esquerda se reorganizar de alguma forma e as eleições municipais são uma boa tentativa. Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quarta-feira, março 05, 2008
Gabeira e o resgate eleitoral da esquerda
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
março
(456)
- do Blog REINALDO AZEVEDO
- Ricardo Noblat Dilma é mãe duas vezes
- Clipping de 31/03/2008
- Clipping do dia 30/03/2008
- Clipping do dia 29/03/2008
- AUGUSTO NUNES- SETE DIAS
- O tribunal do tráfico em ação - O GLOBO
- Miriam Leitão Terreno fino
- Merval Pereira Manobra arriscada
- Dora Kramer Quinze minutos
- João Ubaldo Ribeiro As causas da dengue
- Daniel Piza
- ESTADÃO entrevista: Antônio Barros de Castro
- Alberto Tamer Economia americana resiste à recessão
- Mailson da Nóbrega A usina fazendária
- Suely Caldas A quem servem as elétricas
- Celso Ming
- Gaudêncio Torquato O fogo e a água
- A América se move
- FERREIRA GULLAR Uma questão teológica
- Eliane Cantanhede - Neo-aloprados
- Jânio de Freitas - O dossiê da maternidade
- A República dos dossiês Ruy Fabiano
- do Blog REINALDO AZEVEDO
- Celso Ming A enrascada argentina
- Miriam Leitão
- Merval Pereira Aliança ética no Rio
- Dora Kramer O fiador da reincidência
- FHC afirma que Dilma precisa demitir responsável p...
- RENATA LO PRETE "Pós-Lula", só em 2011
- RUY CASTRO
- MELCHIADES FILHO Ser mãe é...
- CLÓVIS ROSSI Carícias no pântano
- Fausto tropical
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista:Garibaldi Alves
- Lya Luft
- MILLÔR
- RADAR
- Roberto Pompeu de Toledo
- J. R. Guzzo
- Diogo Mainardi
- REINALDO AZEVEDO
- Corrupção Lula afaga os decaídos
- Cartões Assessora da Casa Civil é acusada de mo...
- Comentårio de Reinaldo Azevedo
- Aloprando no armazém
- O primeiro panelaço de Cristina Kirchner
- Tecnologia O maiô que produz recordes nas piscinas
- O reaquecimento das vocações pastorais no Brasil
- Placar expõe a luta do ex-jogador Casagrande contr...
- Cidades O vetor da dengue: descaso generalizado
- Hannah Montana, o novo ídolo das menininhas
- A classe C já é maioria e revoluciona a economia
- O conteúdo da rede agora em 3D
- Aeroportos tentam amenizar o tormento da espera
- A salada das mil calorias
- Ciência num lugar inesperado
- História A estupidez da censura guardada no Arq...
- Dicas para fazer um bom MBA
- Humor Riso com inteligência no Terça Insana
- Livros Para Ler Como um Escritor, de Francine P...
- Tratados de "pobrologia"
- O documentário de Scorsese sobre os Rolling Stones
- Nelson Motta AMIGO É PARA ESSAS COISAS
- O CRÉDITO E OS MOSQUITOS
- LULA, A ESFINGE SEM SEGREDOS
- Clóvis Rossi - Corrupção por quilo
- Míriam Leitão - Voltas do mundo
- Merval Pereira - No limite
- Luiz Garcia - Coisas municipais
- Com vento de popa
- Celso Ming - Pepino torto
- Dora Kramer - Continuidade entra na pauta
- Clipping de 28 de março
- BRAÇO DIREITO DE DILMA MONTOU DOSSIÊ
- Não falta ninguém em Nuremberg. Falta Nuremberg
- A vivandeira e o destrambelhado
- O espectro do blog ronda o comunismo
- Lula sai em defesa de "Severino Mensalinho"
- Míriam Leitão - Dois detalhes
- Merval Pereira - Armando o tabuleiro
- Jânio de Freitas - O escandaloso sem escândalo
- Eliane Cantanhede - O olho da cara
- Dora Kramer - Latifúndio improdutivo
- Clóvis Rossi - Desigualdade secular
- Celso Ming - A galinha do vizinho
- Clipping de 27/03/2008
- A candidatura de Alckmin
- FHC cobra dados de cartão de Lula, que reage e diz...
- Aula magna de FHC sobre despesas sigilosas
- PSDB se esforça para perder a sucessão de Lula
- Arrogância e audácia
- Dora Kramer - A sinuca do dossiê
- Celso Ming - Trégua nos mercados
- Paulo Rabello de Castro Esta reforma não reforma
- RUY CASTRO Datas
- Clóvis Rossi - Memórias e vergonhas
- Míriam Leitão - O saldo que cai
- Merval Pereira - Tragédia oculta
-
▼
março
(456)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA