Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, março 13, 2008

Dados curiosos no PIB de 2007



editorial
O Estado de S. Paulo
13/3/2008

A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado trouxe algumas informações particularmente interessantes.

Não há dúvida de que o consumo das famílias - cujo aumento de 4,6%, em 2006, passou para 6,5%, em 2007 - foi o motor do crescimento do PIB (5,4%), juntamente com o aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que passou de 10% para 13,4%, e das importações, que subiram de 18,3% para 20,7%. O da FBCF foi o maior da série do PIB desde 1996.

O consumo das famílias cresceu mais do que o PIB e do que a produção da indústria de transformação (5,1%), graças a uma forte expansão do crédito com redução do seu custo, assim como ao aumento da massa salarial. Todavia, a maior contribuição para a FBCF foi das importações (crescimento de 20,7%).

O aumento da FBCF não foi acompanhado por aumento equivalente da taxa de poupança, que ficou em 17,7% do PIB, quando, em 2004, havia atingido 18,5%. Isso por causa do crescimento das importações, que exigiu financiamentos externos de R$ 4,5 bilhões.

Outra grande contribuição para o crescimento do PIB veio do aumento de 9,1% dos impostos sobre produtos - o maior crescimento desde 1996.

Se considerarmos os dados do PIB sob o ângulo da oferta, verifica-se que o setor da intermediação financeira é o que apresenta o maior crescimento: 13%, ante 6,2% em 2006; os serviços de informação, com 8% de crescimento, ocupam o segundo lugar; e, como se podia imaginar, dada a forte demanda doméstica, o comércio vem em terceiro, com crescimento de 7,6%. O único setor que se retraiu (-3%, ante 5,7%) foi o da extração mineral, por causa da queda da produção de petróleo. O destaque vai para o crescimento da construção civil, de 5%, que deve se fortalecer ainda mais neste ano.

Os resultados alcançados em 2007 fornecem uma base sólida para a continuidade do crescimento do PIB neste ano. Cabe, porém, levar em conta algumas fragilidades nas condições para que isso se confirme. Em 2007, o crescimento dependeu do forte aumento do consumo das famílias, que exige crédito farto e barato, além de oferta adequada de bens, baseada, de um lado, na importação e, de outro, na continuidade dos investimentos, estes ligados à possibilidade de aquisição de equipamentos no exterior.

Assim, tudo acaba dependendo, de fato, da taxa cambial, inclusive o controle dos preços internos.


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