O Estado de S. Paulo |
14/3/2008 |
Duas das três decisões que o governo tomou na área de câmbio vão na direção certa. A terceira, que é a imposição de um IOF sobre as entradas de capitais estrangeiros para aplicação em renda fixa, é confusa, ineficaz e mostra erro de diagnóstico. A eliminação do IOF nas exportações e o fim da cobertura cambial (exigência de que todas as operações comerciais passem pelo câmbio interno) vão na direção correta não porque ajudem a derrubar a cotação do dólar, mas porque simplificam e dão racionalidade às operações do câmbio. Os controles sobre a entrada de capitais partem do pressuposto de que a cotação do dólar está onde está porque os investidores externos estão especulando com a diferença de juros: tomam empréstimos lá fora a juros baixos para aplicar aqui dentro em títulos de renda fixa, que pagam juros altos. E manobras assim trazem dólares demais que derrubam o câmbio e esvaziam as exportações. Antes de prosseguir, um esclarecimento. É inegável que as operações de arbitragem com juros estão ajudando a derrubar o dólar ante o real. Mas elas estão sendo feitas preponderantemente por brasileiros (exportadores e importadores) e não por residentes no exterior. E essa é uma das razões que explicam por que essa imposição de IOF tende a ser inócua. O ministro Guido Mantega avisou que, além de evitar o carry trade (especulação com juros), o governo persegue o objetivo de estimular as exportações. Fica difícil entender que as exportações, que crescem no momento a 20% (quase quatro vezes mais do que o PIB), tenham de ser estimuladas. Se o objetivo é evitar a consolidação de um rombo na balança comercial, então é preciso ver o que acontece com as importações, que se expandem a 50%. E aí, outra vez, há erro de diagnóstico. As importações estão crescendo tudo isso (quase dez vezes o PIB) não porque o dólar barato demais as esteja estimulando, mas porque o consumo interno está crescendo mais do que a produção (cerca de 7%, contra 5%) e precisa de suprimento externo. Se o argumento do ministro Mantega tivesse consistência, uma vez estimuladas as exportações, mais produção interna seria desviada para o exterior e mais o abastecimento interno ficaria comprometido. Em outras palavras, vai ser difícil para o governo trazer de volta as importações para seu lugar sem antes desestimular o consumo. Provavelmente há gente buzinando nos ouvidos do presidente Lula que é preciso derrubar os juros internos para reduzir a diferença com os juros internacionais e, assim, evitar a entrada excessiva de recursos externos. Se, independentemente do que impõe o sistema de metas de inflação, os juros fossem derrubados artificialmente, o consumo seria ainda mais estimulado e as importações tenderiam a crescer, na contramão do que pretende Mantega. O Banco Central pensa diferentemente, como ficou claro na Ata da reunião do Copom realizada dia 5. Lá ficou dito que o Copom considerou seriamente a hipótese de aumentar os juros de maneira a conter o consumo e a inflação de demanda, que parece iminente. E ele não está dizendo isso gratuitamente. Está passando o recado de que pode vir aí uma alta dos juros.
Controles - Não fosse por outra razão, teria mesmo de chegar o dia em que, atendendo a tantos apelos, o governo tomasse a decisão de controlar o fluxo de capitais financeiros. Quando nada, pode demonstrar, talvez definitivamente, que essas coisas não funcionam. O ministro Guido Mantega advertiu que a determinação do governo é conter a valorização do real e que, se as decisões de quarta-feira não forem suficientes, mais haverá de ser feito para reverter a situação. Falta explicar o que o governo pretende com a criação do Fundo Soberano do Brasil. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, março 14, 2008
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