Entrevista:O Estado inteligente

sábado, março 01, 2008

As razões que levam as pessoas a tatuar o corpo

Tatuagem com bobagem

Ao elucubrar sobre os desenhos em seu corpo, o big brother
Rafinha lança luz sobre uma prática que só ganha adeptos


Marcelo Marthe

Na madrugada da segunda passada, quem acompanha o Big Brother Brasil na TV por assinatura pôde ver o roqueiro Rafinha discorrer sobre o significado de suas muitas tatuagens. A professora Thati puxou a conversa, ao perguntar o que quer dizer o desenho de um olho egípcio que ele ostenta no ombro esquerdo, em meio a uma esfinge, uma pirâmide, o planeta Saturno e discos voadores. "É um amuleto do guerreiro que virou essa esfinge", esclareceu Rafinha. E foi além: "Ele carregava um gavião no braço. Aí, o gavião viu esse cara ser morto por soldados e ficou rodeando e vendo ele apanhar. E aí chorou". Essa é só uma amostra da piração do rapaz – que foi muito, mas muito mais longe. Rafinha confirmou que acredita numa ligação entre os ETs e as maravilhas do Egito antigo. Em seguida, impressionou os colegas ao sustentar que suas tatuagens compõem uma espécie de saga da criação do mundo – do mundo espantoso de Rafinha, claro. Os últimos passos dessa história encontram-se em seu antebraço. Mas, ao chegar a essa altura, nem ele se mostrou bem certo do que carrega na pele. "Aqui, eu fiz um disco voador batendo, sei lá. Acho que viajei", disse.

Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia – de um estilo de vida "marginal". Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há cuidado com a higiene. As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor qualidade e ferramentas como o laser tornaram bem mais simples apagar uma tatuagem que já não se quer mais. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha âncora de marinheiro. Uma prova desse novo status é um reality show como o Miami Ink, produção americana exibida por aqui no canal pago People & Arts. O programa acompanha o dia-a-dia de um estúdio de tatuagem na cidade do título. A graça está em ver como as idéias mais mirabolantes são traduzidas na pele dos participantes. O Miami Ink gerou dois filhotes, um ambientado em Los Angeles e outro em Londres. E o canal já abriu inscrições para produzir um especial no Rio de Janeiro.

Hoje, é possível dividir as pessoas segundo três níveis de atração pela tatuagem. Numa ponta está a turma que se contenta em ter uma ou duas, só para efeito de beleza ou para demonstrar "atitude" – aí se inclui a modelo Gisele Bündchen com sua estrelinha no pulso. No outro extremo está o mundo dos que não poupam nem o rosto das agulhas. Agora, pode-se vislumbrar ainda uma tribo intermediária. São pessoas que colecionam tatuagens, por seu suposto valor estético ou por algum tipo de simbologia, e não por opção radical de vida. É o caso de Rafinha.

Não faltam espelhos para ele se mirar. A atriz Angelina Jolie tem ao menos uma dúzia de tatuagens, entre as quais um tigre asiático nas costas. No antebraço direito, ostenta a expressão "força de vontade" em árabe. O braço esquerdo traz as latitudes onde nasceram seus três filhos adotivos e o primogênito com o ator Brad Pitt. Essas últimas cobriram uma antiga tatuagem com o nome de seu ex, Billy Bob Thornton. Angelina também é pródiga, aliás, em apagar tatuagens: livrou-se de sete, até agora. Outro que não hesita em adornar a pele é o inglês David Beckham. Nas costas, o jogador tatuou o nome dos filhos e um anjo da guarda. No braço direito, exibe símbolos dos cavaleiros medievais da ordem dos templários. Recentemente, disse: "A dor de fazer tatuagens é viciante". A cantora inglesa Amy Winehouse – outra que tem o corpo coberto de tatuagens, com predileção pelas pin-ups – diz que elas são uma forma de "espantar o tédio".

"Por trás da decisão de preencher uma parte do corpo com tatuagens está o desejo de contar uma história e demonstrar uma linha de raciocínio", diz Lúcio Tattoo, do estúdio Banzai, onde será gravada a versão nacional do Miami Ink. Como mostra o caso de Rafinha, esse conceito pode ser um tanto furado. O rapaz já revelou que, se vencer oBBB 8, pretende usar o dinheiro para cobrir até as unhas e o céu da boca. Se isso não ocorrer, terá o consolo da influência. As tatuagens dos participantes do BBB costumam virar moda. Já se tem notícia da primeira cópia de Rafinha: semanas atrás, o ex-titã Nando Reis tatuou um planeta Saturno parecido com o dele durante o programa Estrelas,exibido nas tardes de sábado na Globo.

 

Uma coisa de pele

As explicações mirabolantes de Rafinha, do Big Brother Brasil, para o significado de suas tatuagens


Fotos divulgação/TV Globo
Rafinha e seu braço "fechado" de tatuagens: tem até ex-titã imitando


O que se vê: uma esfinge, uma pirâmide e um olho egípcio
A piração de Rafinha: "É um amuleto do guerreiro que virou essa esfinge. Ele carregava um gavião no braço. Aí, o gavião viu esse cara ser morto por soldados e ficou rodeando e vendo ele apanhar. E aí chorou"



O que se vê: um ET, com pirâmides ao fundo
A piração de Rafinha: "É como se o ET tivesse chegado ao Egito. Passou um tempo, e tal, e dá para ver o que ele fez"


O que se vê: uma pirâmide que emite um facho de luz, junto de um olho gigante
A piração de Rafinha: "Eu queria que fosse uma coisa que na hora desse a impressão de energia positiva"


O que se vê: um combate entre soldados e monstrengos numa cidade. Ao lado dessa cena, há uma esfinge
A piração de Rafinha: "Aqui eu fiz aquele filme antigo, A Guerra dos Mundos, com os soldados e tal. A esfinge é para mostrar que tem algo a ver com os ETs também"

 

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