O papel do jornalismo médico
Alexandre Schneider |
Anna Paula, Karina e Adriana: o time de VEJA para a área de saúde e medicina |
A entrada da internet no cotidiano de milhões de brasileiros proporcionou, entre outras coisas, o acesso a conhecimentos em saúde e medicina antes reservados aos profissionais dessas áreas. A quantidade e a velocidade de divulgação de informações sobre doenças e tratamentos na rede de computadores são tamanhas que passou a ser comum o paciente cobrar do médico – seja ele particular ou de convênio – opiniões e avaliações a respeito de terapêuticas e remédios que, não raro, ainda estão em fase de testes. Evidentemente, isso aumenta ainda mais a responsabilidade dos médicos. A experiência deles é vital para separar o joio do trigo nas pesquisas disponíveis na internet – e, assim, esclarecer os pacientes sobre os problemas que os afligem.
A internet também redobrou as obrigações dos jornalistas que cobrem saúde e medicina. Se dez anos atrás eles eram obrigados a enfrentar as lacunas impostas pela escassez de informações, agora se vêem diante da tarefa de filtrar, de um volume impressionante de dados e estudos, o que é de fato relevante e útil para os leitores. Uma vez selecionado o assunto, empreende-se o mesmo trabalho de sempre: hierarquizar as informações, entrevistar médicos e pesquisadores e traduzir a apuração num texto de leitura fácil e agradável. Para esta edição, a repórter Anna Paula Buchalla, auxiliada pela repórter Adriana Dias Lopes e sob a coordenação da editora Karina Pastore, lançou-se, mais uma vez, nessa tarefa. Na reportagem que começa na página 102, ela explica como dois estudos publicados recentemente, e de grande repercussão na internet, põem em xeque os índices draconianos de colesterol e glicemia. Ao confrontá-los e debatê-los com especialistas, Anna Paula constatou que se está abrindo um novo caminho na cardiologia: o de um controle menos neurótico dos fatores de risco de infartos e derrames.