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Paulo Henrique Amorim, o preferido da ministra Dilma Rousseff no iG, o portal da Brasil Telecom, escreveu ontem alguns posts sobre o uso de “cartão corporativo” no governo de São Paulo”. Logo se espalharam. O roteiro é conhecido:
- deputados petistas acusaram o governo de São Paulo de gastar R$ 108 milhões em cartões corporativos;
- o denúncia foi repassada a Paulo Henrique Amorim, que lhe conferiu uma certa aparência de jornalismo;
- a Al Qaeda petista imediatamente inundou a Internet com o, digamos assim, texto de Amorim.
No seu momento mais afirmativo, escreve este gigante da apuração:
“Note bem: o gasto total com cartões corporativos no Estado de São Paulo em 2007 chegou a R$ 108 milhões!”
Ai, ai! Notem bem: O GOVERNO DE SÃO PAULO NÃO TEM CARTÃO CORPORATIVO! TRATA-SE DE UMA MENTIRA!
No governo FHC, este ou aquele jornalistas eram freqüentemente acusados de governismo. Muita gente escreveu, por exemplo, a favor da privatização de estatais. Era “serviço sujo”? Só na cabeça dos esquerdopatas. Por incrível que pareça, havia jornalistas favoráveis! Naqueles dias, ou o profissional de imprensa era simpático ao PT ou era um vendido ao “neoliberalismo”. Tratava-se de um confronto, no fundo, ideológico. Vocês conhecem esse debate, é claro, até porque ele está sempre aqui: alinhar-se com a esquerda era considerado uma espécie de obrigação moral.
No governo Lula, as coisas são um tantinho diferentes. Os anões morais, os tocadores de tuba, os mascates e os jornalistas “dualéticos” (aqueles das duas éticas) se uniram numa espécie de bando, de máfia. A sua máxima é a seguinte: “Acuse! Eles que se virem para desmentir”.
1 - Inexiste em São Paulo qualquer coisa remotamente parecida com os cartões corporativos. Nenhuma autoridade do governo dispõe da facilidade;
2 - o cartão não é de crédito, mas de débito. Amorim sabe a diferença. E os petistas? Sabem?
3 - à diferença do cartão federal, o estadual não pode ser usado para qualquer despesa: tapioca, esteira ergométrica, roupa de bebê, chocolate ou restaurante...;
4 - o cartão que paga combustíveis, por exemplo, não serve para alugar carro ou pagar estadia de hotel;
5 - mais: há uma previsão de despesas para cada área, e só então se liberam os recursos. Não é um saco sem fundo;
6 - passados 30 dias, se o dinheiro autorizado não foi gasto, volta para o Tesouro, e nova previsão precisa ser feita;
7 - cada cartão tem um gestor, que responde pelo seu uso perante o Tribunal de Contas do Estado;
8 - tanto os débitos como os saques em dinheiro jamais são realizados pelos servidores que usam o que é comprado.
Ontem, ao longo do dia, Paulo Henrique Amorim ficou “pautando” a Folha de S. Paulo, em seu estilo de sempre: “A Folha não vai falar nada? A Folha não vai falar nada?” O jornal falou. A manchete do jornal nesta sexta é esta: “SP gasta R$ 108 milhões com cartões”. A manchete de página afirma: “Transparência com cartão é menor em SP que na união”.
O mais formidável é que o próprio texto da Folha informa: “No Estado, não são fornecidos cartões para ocupantes do primeiro escalão. No governo federal, são cartões de crédito passíveis de uso para qualquer tipo de compra. No Estado, são cartões de débito fornecidos a servidores encarregados de compras específicas. Um cartão para combustível só pode ser usado para esse fim. Não funciona em outro estabelecimento.Para os produtos sujeitos à lei de licitações, há um limite de gastos de R$ 8 mil. Como nem todos estabelecimentos aceitam cartão, foi fixado um teto para saques segundo a natureza de despesa. Por exemplo, num cartão previsto para compra de gênero alimentício, a permissão é de 20% em saques.” E daí? O que resta da edição é a impressão de que o diferente é a mesma coisa. Alhos foram comparados a bugalhos:
- o governo federal gastou “apenas” R$ 76,5 milhões em cartões corporativos; já o governo de São Paulo, R$ 108 milhões (está lá na manchete);
- o governo federal é “mais transparente”.
O Estadão também trata do assunto (aqui). A coisa é de tal sorte diferente, que o líder do PT na Assembléia Legislativa, Simão Pedro, afirma que "não há indícios para um pedido de CPI". Mas que investigará, claro, os gastos do Estado. Deve ter sido o maior triunfo da carreira de Paulo Henrique Amorim até hoje: emplacou uma manchete na Folha e uma reportagem no Estadão.
- deputados petistas acusaram o governo de São Paulo de gastar R$ 108 milhões em cartões corporativos;
- o denúncia foi repassada a Paulo Henrique Amorim, que lhe conferiu uma certa aparência de jornalismo;
- a Al Qaeda petista imediatamente inundou a Internet com o, digamos assim, texto de Amorim.
No seu momento mais afirmativo, escreve este gigante da apuração:
“Note bem: o gasto total com cartões corporativos no Estado de São Paulo em 2007 chegou a R$ 108 milhões!”
Ai, ai! Notem bem: O GOVERNO DE SÃO PAULO NÃO TEM CARTÃO CORPORATIVO! TRATA-SE DE UMA MENTIRA!
No governo FHC, este ou aquele jornalistas eram freqüentemente acusados de governismo. Muita gente escreveu, por exemplo, a favor da privatização de estatais. Era “serviço sujo”? Só na cabeça dos esquerdopatas. Por incrível que pareça, havia jornalistas favoráveis! Naqueles dias, ou o profissional de imprensa era simpático ao PT ou era um vendido ao “neoliberalismo”. Tratava-se de um confronto, no fundo, ideológico. Vocês conhecem esse debate, é claro, até porque ele está sempre aqui: alinhar-se com a esquerda era considerado uma espécie de obrigação moral.
No governo Lula, as coisas são um tantinho diferentes. Os anões morais, os tocadores de tuba, os mascates e os jornalistas “dualéticos” (aqueles das duas éticas) se uniram numa espécie de bando, de máfia. A sua máxima é a seguinte: “Acuse! Eles que se virem para desmentir”.
1 - Inexiste em São Paulo qualquer coisa remotamente parecida com os cartões corporativos. Nenhuma autoridade do governo dispõe da facilidade;
2 - o cartão não é de crédito, mas de débito. Amorim sabe a diferença. E os petistas? Sabem?
3 - à diferença do cartão federal, o estadual não pode ser usado para qualquer despesa: tapioca, esteira ergométrica, roupa de bebê, chocolate ou restaurante...;
4 - o cartão que paga combustíveis, por exemplo, não serve para alugar carro ou pagar estadia de hotel;
5 - mais: há uma previsão de despesas para cada área, e só então se liberam os recursos. Não é um saco sem fundo;
6 - passados 30 dias, se o dinheiro autorizado não foi gasto, volta para o Tesouro, e nova previsão precisa ser feita;
7 - cada cartão tem um gestor, que responde pelo seu uso perante o Tribunal de Contas do Estado;
8 - tanto os débitos como os saques em dinheiro jamais são realizados pelos servidores que usam o que é comprado.
Ontem, ao longo do dia, Paulo Henrique Amorim ficou “pautando” a Folha de S. Paulo, em seu estilo de sempre: “A Folha não vai falar nada? A Folha não vai falar nada?” O jornal falou. A manchete do jornal nesta sexta é esta: “SP gasta R$ 108 milhões com cartões”. A manchete de página afirma: “Transparência com cartão é menor em SP que na união”.
O mais formidável é que o próprio texto da Folha informa: “No Estado, não são fornecidos cartões para ocupantes do primeiro escalão. No governo federal, são cartões de crédito passíveis de uso para qualquer tipo de compra. No Estado, são cartões de débito fornecidos a servidores encarregados de compras específicas. Um cartão para combustível só pode ser usado para esse fim. Não funciona em outro estabelecimento.Para os produtos sujeitos à lei de licitações, há um limite de gastos de R$ 8 mil. Como nem todos estabelecimentos aceitam cartão, foi fixado um teto para saques segundo a natureza de despesa. Por exemplo, num cartão previsto para compra de gênero alimentício, a permissão é de 20% em saques.” E daí? O que resta da edição é a impressão de que o diferente é a mesma coisa. Alhos foram comparados a bugalhos:
- o governo federal gastou “apenas” R$ 76,5 milhões em cartões corporativos; já o governo de São Paulo, R$ 108 milhões (está lá na manchete);
- o governo federal é “mais transparente”.
O Estadão também trata do assunto (aqui). A coisa é de tal sorte diferente, que o líder do PT na Assembléia Legislativa, Simão Pedro, afirma que "não há indícios para um pedido de CPI". Mas que investigará, claro, os gastos do Estado. Deve ter sido o maior triunfo da carreira de Paulo Henrique Amorim até hoje: emplacou uma manchete na Folha e uma reportagem no Estadão.
Operação
Em 24 horas, como se vê, o governo federal conseguiu mobilizar uma pesada artilharia para tentar se safar da tramóia dos cartões:
- Romero Jucá inventou a CPI governista para investigar o... governo;
- Dilma Roussef, Franklin Martins e Jorge Felix deram uma entrevista em nome da segurança nacional;
- o “jornalismo” de Paulo Henrique Amorim contaminou, nesse caso, a imprensa de respeito e, mais uma vez, estamos diante da máxima de que, vejam só, o PT nada mais faz do que repetir o que os outros fizeram antesoazem, mesmo quando isso é uma mentira flagrante.
E a coisa não pára por aí. O ministro da Justiça, Tarso Genro, repetiu ontem a máxima dos áulicos: "Essa cobertura está completamente equivocada. O que permitiu a detecção desse problema foi a transparência do governo. Não podem transformar isso em culpabilidade. "Segundo ele, a oposição busca “um novo terceiro turno".