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sexta-feira, novembro 18, 2005

Convenção do PSDB vai elevar tom anti-Lula



César Felício
Valor Econômico
18/11/2005

O tom ameno que caracterizou as intervenções dos senadores tucanos no depoimento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, anteontem na CAE, deverá ser abandonado na convenção nacional do PSDB hoje, que elegerá o senador Tasso Jereissati para a presidência da sigla.

Segundo dirigentes do partido, na sessão de anteontem foi adotada a estratégia de não questionar de forma dura o ministro para não impedir a futura convocação de Palocci a uma CPI. Hoje, a preocupação será demonstrar que o partido não está interessado em um pacto de não-agressão ao PT.

"Os petistas nos apresentaram uma armadilha, ao nos atacar e ameaçar atirar a todos na vala comum. Se revidamos aumenta o tiroteio. Mas se não respondemos, o ritmo de acusações contra nós cresce. Optamos por não deixar nada sem resposta", comentou o ex-presidente nacional da sigla, o vereador José Aníbal (SP).

A nova estratégia do PT contra os tucanos começou a ser aplicada após a vitória do petista Ricardo Berzoini no processo interno para escolher o presidente da sigla. Desde então, os petistas entraram com representação judicial contra as contas da campanha eleitoral do PSDB para a presidência e protocolaram pedido de cassação contra os deputados Onyx Lorenzoni (PFL-RS) e Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP).

No âmbito das CPIs, trabalharam para a convocação de Claudio Mourão, um ex-tesoureiro das campanhas eleitorais do senador tucano Eduardo Azeredo (MG), que teve que se afastar do exercício da presidência da sigla quando começou a ser bombardeado. "O que vamos colocar é que tudo deverá ser apurado, sem exceção", afirmou o governador paulista Geraldo Alckmin.

Na convenção tucana de hoje, a chegada a Brasília de centenas de aliados de Tasso Jereissati no Ceará podem colocar em segundo plano a disputa indireta que o prefeito de São Paulo, José Serra, o governador Alckmin e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, travam pela candidatura presidencial no próximo ano. Todos confirmaram presença no encontro de hoje, além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que procura se colocar dentro da sigla como uma espécie de "grande eleitor".

Diante da probabilidade muito alta da candidatura tucana à Presidência vir de São Paulo pela quinta vez consecutiva, o espaço para os paulistas na direção do partido será pequeno, como forma de buscar um equilíbrio federativo interno. Além de Tasso, cearense, na presidência, o segundo cargo na hierarquia tucana será ocupada pelo deputado fluminense Eduardo Paes, ligado a Serra.

A candidatura à Presidência da República pela sigla será definida em março. Em desvantagem nas pesquisas de opinião, Alckmin conta com o apoio de Tasso, melhor colocado nas pesquisas, Serra tem maior apoio entre os deputados.

 

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